Mostra “Grande Sertão" retrata personagens da obra-prima de Guimarães Rosa no Centro Cultural Correios, no Rio
Exposição da artista visual gaúcha Graça Craidy tem abertura nesta quarta-feira (28), às 16h; ator Gilson de Barros interpreta Riobaldo em pocket, às 17h30
Belo Horizonte - Os principais personagens do romance “Grande Sertão: Veredas”, obra-prima do mineiro Guimarães Rosa (1908/1967), estão corporificados em óleo, acrílica e aquarela na exposição que a artista visual gaúcha Graça Craidy apresenta no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, de quarta-feira (28/05) a 12 de julho. A flora e a fauna da região onde a narrativa se desenvolve ambientam a mostra com trabalhos em arte digital.
No total, a exposição “Grande Sertão” reúne 52 obras, entre as quais destacam-se as que retratam personagens como Riobaldo, Diadorim, Joca Ramiro, Hermógenes, Zé Bebelo, Otacília, Nhorinhá. As feições dos personagens nos quadros baseiam-se nas personalidades e comportamentos delineados pelo escritor e na imaginação da artista, que também se valeu de fotos referenciais para criá-los.

Graça foi além de ler a obra-prima do imortal da Academia Brasileira de Letras, nascido em Cordisburgo, antes de se lançar ao trabalho pictórico: ela fez o curso “Travessia”, sobre o livro, relendo-o e debatendo-o por três meses com a professora da USP Maria Cecilia Marks, especialista no assunto; assistiu ao monólogo “Riobaldo”, em que o ator carioca Gilson de Barros, sob a direção de Amir Haddad, interpreta o personagem; e, ainda, pesquisou ensaios e monografias relativas à obra, publicada em 1956.
Riobaldo, o narrador da história no texto de ficção, é retratado por Graça quando jovem e já velho; Diadorim, na situação jagunço e como mulher - a filha de Joca Ramiro só tem a identidade feminina descoberta depois de morta.

O próprio Guimarães Rosa também é retratado pela pintora, no momento em que se embrenha a cavalo no sertão, numa comitiva de vaqueiros, para conhecer de perto a linguagem e o modo de vida dos jagunços, e em outros dois retratos.
O buriti, coqueiro das veredas, bananeira, tamanduá-bandeira, arara, gavião, ema, produzidos com arte digital, são exemplares da flora e da fauna do Cerrado estampados nas galerias B e C do espaço expositivo para dar o clima da região da narrativa.
A artista, que vive e tem ateliê em Porto Alegre, pretende, com seu trabalho, estimular a leitura do clássico roseano, de outros títulos do escritor e dos livros em geral, especialmente os nacionais. "Espero que os visitantes da exposição se encantem com a história nos quadros do meu Grande Sertão particular, expressionista, apaixonado, de cores turvas, ternas e terrosas. Em cada personagem, cena, gesto, o meu gentil convite para despertar nas pessoas o desejo de ler o grande romance”, declara ela, que, na mostra, disponibiliza livros do ficcionista para o manuseio dos visitantes.

Graça, de 73 anos, já fez mais de 20 exposições individuais (uma delas na Itália) e dezenas de coletivas. “Grande Sertão”, até então, só havia sido montada uma vez: no final do ano passado, em Porto Alegre, dentro da programação da Feira do Livro da capital gaúcha.
Em anos anteriores, ela apresentou a coleção "Clarices", retratos das diferentes fases da vida de Clarice Lispector, montada em várias capitais, e Autorias I e Autorias II, coletiva em que diversos artistas, sob sua coordenação, retrataram dezenas de escritores gaúchos, em Porto Alegre.
Em pocket ator Gilson de Barros interpreta Riobaldo
O ator Gilson de Barros, que interpreta personagens de “Grande Sertão: Veredas”, sob a direção de Amir Haddad, em espetáculos pelo Brasil, fará uma pequena apresentação na abertura da mostra, a convite da artista Graça Craidy. O ator começou esse trabalho dramático revivendo “Riobaldo”, depois agregou o texto “No meio do redemunho” e, por fim, no ano passado, incorporou “O julgamento de Zé Bebelo”. A apresentação será às 17h30.
Serviço
Exposição: Grande Sertão, de Graça Craidy
Local: Centro Cultural Correios — Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro, Rio de Janeiro
Abertura: Quarta-feira, 28 de maio, às 16h
Apresentação de Gilson de Barros: 17h30
Visitação: Até 12 de julho | Terça a sábado, das 12h às 19h
Entrada: Gratuita
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