Cidades

Vereador de Itabira vota contra aprovação de contas da Câmara e tece críticas à gestão de Heraldo Noronha

Durante sessão da Câmara, vereador Luiz Carlos de Ipoema aponta uso indevido de diárias, contratos suspeitos e gastos milionários fora do orçamento; caso será levado ao Ministério Público

Itabira (MG) - Em sessão realizada nesta terça-feira (8), o vereador Luiz Carlos de Souza (MDB), Luiz Carlos de Ipoema, foi a única voz dissonante na Câmara Municipal de Itabira (MG) ao votar contra o Projeto de Resolução nº 03/2025, que aprovou os relatórios contábeis da Casa referentes a 2024. Durante a gestão do então presidente Heraldo Noronha Rodrigues, segundo Luiz Carlos, ocorreram graves irregularidades administrativas que comprometem a transparência e a boa aplicação dos recursos públicos.

Farra com diárias e viagens suspeitas
O ponto que mais chamou atenção no voto de Luiz Carlos foi a acusação de uso indevido de diárias. Heraldo teria recebido R$ 23.121,89 em diárias ao longo de 2024, valor que corresponde a cerca de 20 viagens para Belo Horizonte — oito delas em sextas-feiras. Essas viagens coincidem com fins de semana, período em que órgãos públicos não funcionam regularmente, o que levanta suspeitas de que o deslocamento teria caráter pessoal, já que a família da esposa de Heraldo reside na Região Metropolitana da capital mineira.

vereador luiz carlos de ipoema
Vereador Luiz Carlos / Reprodução - 

Gastos públicos em alta e falta de retorno à população

Outro ponto criticado foi o elevado gasto da Câmara com passagens aéreas e hospedagens para vereadores e servidores, que somaram R$ 285.961,00 apenas em 2024. Os dados foram levantados no Portal da Transparência. Segundo Luiz Carlos, os números refletem um “luxo institucionalizado”, sem a devida prestação de contas e comprovação de resultados concretos para a população.

Luiz Carlos também denunciou o contrato firmado com a empresa Fotolimp Soluções em Energia Solar e Construção Civil LTDA, no valor de R$ 248.625,03. O vereador destacou que laudo técnico contratado pela própria Câmara — ao custo de R$ 11 mil — apontou falhas graves na execução da obra, além de indícios de superfaturamento e outras irregularidades. A implantação do sistema de energia solar foi noticiada como um avanço sustentável pela própria Câmara em 2023, mas, segundo o parlamentar, a execução pode ter servido de fachada para má gestão.

Ainda segundo Luiz Carlos, a gestão de Heraldo apresenta um abismo entre o orçamento previsto e os gastos realizados. O orçamento aprovado para 2024 previa R$ 3.878.382,29, mas os gastos chegaram a R$ 9.057.432,46, considerando despesas orçamentárias, restos a pagar e pagamentos extra-orçamentários. A diferença superior a R$ 5 milhões é, para o vereador, sinal de total descontrole financeiro, o que requer uma análise técnica rigorosa.

O vereador Luiz Carlos de Ipoema garantiu que seguirá atuando com firmeza e transparência. Ele afirmou que irá formalizar denúncia ao Ministério Público de Minas Gerais pedindo investigação das contas e contratos da gestão de Heraldo.

“Não posso compactuar com irregularidades que lesam os cofres públicos, não vou ser conivente com essas práticas. Meu compromisso é com o povo itabirano e enquanto eu estiver aqui, vou continuar fiscalizando e exigindo investigação”, disse.

“A impunidade não pode ser o prêmio para aqueles que lesam o patrimônio público e traem a confiança da população” declarou o vereador.

Denúncias familiares e acusações graves
As denúncias contra Heraldo Noronha não se restringem a seus pares na Câmara. O próprio irmão do vereador, Franklin Acácio Rodrigues, acusa publicamente Heraldo há anos de envolvimento em práticas ilegais como a “rachadinha” — termo popular para o desvio de parte dos salários de assessores parlamentares. Essa não é a primeira vez que a prática de “rachadinha” é assunto na Câmara de Itabira. Em 2019, os vereadores Agnaldo Vieira Gomes “Enfermeiro” e Weverton Júlio Limões de Freitas “Nenzinho”, além do diretor administrativo pastor Ailton Francisco de Moraes foram presos por envolvimento com esse tipo de esquema, o que fortalece a gravidade das acusações. A prática é considerada ilegal e foi tema de investigações em várias casas legislativas no Brasil.

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