Portugal é o país da Europa que mais presta homenagens etílicas ao escritor americano Ernest Hemingway.
Ao menos cinco botecos na cidade de Lisboa têm o nome do autor de “Por Quem os Sinos Dobram” no letreiro. Mas, curiosamente, Hemingway nunca bebeu em Portugal.
Os bares que homenageiam Hemingway em Portugal poderiam, de modo honesto, ostentar a mesma placa que o ‘El Cuchi’, um boteco de Madri, nos arcos da Plaza Mayor, na Espanha, ostenta com os dizeres: “Hemingway nunca bebeu aqui.”
Entre os botecos que homenageiam o escritor, tem o ‘Bar Hemingway’, na Avenida Dr. Moreira Souza, 1.436 - Pedroso; o 'Hemingway's Bar e Café’, Rua do Ericeira 8, Ericeira - Mafra; o 'Hemingway's', Rua do Barranco, 37, Carvoeiro; o ‘Hemingway’, Marina de Cascais, Loja 58/60 - Cascais e o ‘Restaurante Hemingway', Rua Imperatriz D. Amélia, 130 - Funchal.
Ninguém foi capaz de celebrar o ritual da bebedeira como Hemingway, mas, Fernando Pessoa, outro grande nome da literatura mundial - que aliás tinha forte ligação com o álcool - também marcou sua passagem pelos bares de Lisboa.
O poeta e escritor português bebeu, e muito, em terras lusitanas. Pessoa era frequentador assíduo do ‘Café a Brasileira’ - na rua Garret, 120 - Chiado - onde, conta a lenda, ia para combater os efeitos do absinto.
Lenda ou não, o bar eternizou, com uma escultura em tamanho original, a passagem do escritor por lá. Logo na entrada, há uma estátua do poeta sentado à mesa. A escultura é uma fotografia obrigatória para quem vai a Lisboa.
Fundado em 1905 como loja de café brasileiro (então uma bebida exótica para os europeus), o estabelecimento servia gratuitamente uma xícara de café para quem comprasse um quilo do pó.
Aos poucos, o consumo da bebida ganhou mais importância do que a do produto seco, e ‘A Brasileira’ virou ponto de encontro de boêmios, escritores e artistas portugueses, nas décadas seguintes.
Em 1915, no auge do conservadorismo, Fernando Pessoa junto com os pintores Almada Negreiros, Guilherme de Santa-Rita e o poeta, contista e ficcionista Mário de Sá-Carneiro, criaram, nas mesas d’A Brasileira, a revista literária ‘Orpheu’, que lançou o movimento modernista em Portugal.
Pessoa foi sempre um frequentador assíduo d’A Brasileira com seus muitos heterônimos: Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Alexander Search, Charles James Search e Alberto Caeiro e outros colegas de carne e osso, tintas, palavras e idéias, cujas obras podem ser vistas no belíssimo interior do café.
Café A Brasileira, Rua Garrett 120, Chiado, Metro Baixa-Chiado
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