Antônio Pedro (1940-2023), o Passarinho, do "Bar Esperança" de Hugo Carvana levantou vôo.
Conheci Antônio Pedro em 2005, em um boteco no Rio, no lançamento do livro "Manual de Sobrevivência nos Botequins Mais Vagabundos", de Moacyr Luz.
Nunca fomos próximos, além de tomar um ou dois chops com ele no velho Arataca, na Cobal, acompanhei sua carreira na TV e assisti todos os seus filmes, principalmente os que ele fez com o Carvana.
O texto abaixo é uma homenagem da Mac Comunicação ao ator.
Antônio Pedro Borges de Oliveira, o baixinho, nos deixou nessa madrugada.
Ator, diretor, teatrólogo, um artista na acepção da palavra, nos palcos e telas da vida. O traje social era bermuda, camiseta, sandália e chapeu panamá.
Carioca da gema, frequentador dos botecos, dos teatros, das lonas culturais, do Samba do Trabalhador e das ruas do Rio. Antonio Pedro era de uma geração de atores que inventou a interpretação brasileira na época em que os grandes atores eram ligados ao teatro clássico europeu.
Atuante no teatro, cinema e tv desde 1965. Antonio Pedro Borges esteve intimamente ligado aos principais movimentos do Teatro Brasileiro, participou de montagens históricas como o do musical "Roda Viva", em 1968, que foi proibido pela ditadura militar, fez peças de diretores importantes como José Celso Martinez Corrêa, Augusto Boal e Fernando Peixoto.
No cinema trabalhou regularmente com seu grande amigo e diretor Hugo Carvana nos filmes “Casa da mãe Joana 1 e 2”, “Não se preocupe, nada vai dar certo”, “Bar Esperança”, “Se segura Malandro”, “Homem Nu” e “Apolonio Brasil”. Fez também os filmes “O Homem do Pau Brasil” e “Gabriela”, em 1982.
Na televisão conduziu com maestria duas temporadas da nossa série Saideira, junto com Stepan Nercessiam, esteve por 5 anos com grande sucesso no programa "Escolinha do Professor Raimundo” e fez parte do elenco fixo de "Zorra Total.
Antônio Pedro foi Secretário de Cultura no Governo Brizola e fundou o Grupo Teatral CETE (Centro de Experimental Teatro Escola) um grupo de teatro democrático e aberto a todos, que realizou duas montagens antológicas “Elektra na Mangueira” e “ O Incrível encontro” na Fundição Progresso.
Essa última, uma montagem que mostrava o descobrimento do Brasil como uma grande celebração, com cenas e elenco mudando a cada apresentação, sempre realizadas nas noites de lua cheia.
Deixamos aqui nossa homenagem e uma imensa saudade do amigo querido, do pai amoroso e do companheiro de trabalho e de vida.
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