Rio de Janeiro - Gual & Jal. Parece nome de dupla sertaneja, mas não é. João Gualberto Costa (Gual) e José Alberto Lovetro (Jal), são dois ‘puta’ cartunistas.
O cartunista Gual - junto com o amigo Jal - foi um dos criadores do ‘Prêmio HQ Mix’.
Criado em 1989, com o objetivo de divulgar, valorizar e premiar a produção de artes gráficas no Brasil, o prêmio, cuja as votações são realizadas por artistas, editores, pesquisadores, jornalistas e profissionais da área, é uma das mais tradicionais premiações dos quadrinhos nacional, entregue todos os anos aos principais artistas brasileiros.
O troféu muda seu design a cada ano, sempre homenageando um personagem dos quadrinhos brasileiros: o Amigo da Onça, do Péricles; a Super-Mãe e o Pererê, do Ziraldo; Rê Bordosa, do Angeli; Capitão, do Laerte; Geraldão, do Glauco; e Horácio, do Mauricio de Sousa, são alguns dos personagens já lembrados.
Foi nas mesas dos botecos espalhados na área conhecida como “Prainha” - quarteirão com vários bares na Alameda Joaquim Eugênio de Lima, entre a Av. Paulista e Alameda Santos - onde evoluiu a ideia de criação do Troféu HQ MIX.
Gual e Jal tinham um quadro no programa ‘TV Mix’, voltado para o público jovem, onde mostravam as últimas novidades em quadrinhos e humor gráfico. O programa era apresentado pelo Serginho Groisman - padrinho da premiação desde a sua primeira edição, em 1989 - na ‘TV Gazeta’, na própria avenida Paulista.
Sempre que iam para o ‘TV Mix’, os dois amigos davam uma meia trava nos botecos pra tomar uns chopps. Nas conversas, nas mesas da “Prainha”, Gual e Jal idealizaram o Troféu HQ Mix. O prêmio virou o “Oscar dos Quadrinhos” no Brasil, mantendo ao longo dos anos a crítica e a linguagem muito próxima da juventude consumidora de gibis.
Nos últimos anos a premiação passou a ser organizada pela Associação dos Cartunistas do Brasil (ACB) e Instituto Memorial de Artes Gráficas do Brasil (IMAG).
Mas o cartunista, ilustrador, editor e quadrinista não fez só o HQ Mix.
Arquiteto e engenheiro de formação, Gual abandonou ambas as carreiras para se dedicar ao universo dos quadrinhos. Gual resolveu ser cartunista quando, em 1972, leu a seminal revista ‘Balão’, concebida por alunos dos cursos de Arquitetura e Comunicação da Universidade de São Paulo, idealizada por uma geração de cartunistas e jovens quadrinistas iniciantes como Laerte, Luiz Gê, Alcy, Chico, Paulo Caruso, Angeli e Miadaira.
Esta que seria considerada a primeira revista “udigrudi” de quadrinhos no Brasil fomentou o início de um novo mercado de quadrinhos voltado para o público adulto. Já na faculdade, Gual juntou um grupo e criou o ‘Capa”, um fanzine independente no estilo do ‘Balão’.
Gual capitaneou salões de humor Brasil afora, entre eles o ‘Salão da Aids’ e o ‘Salão Internacional de Humor de Piracicaba’; e teve uma escola de arte - Riam - junto com o JAL.
Ao lado dos cartunistas Jal, Franco de Rosa e Worney Almeida de Souza, fundou a Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo (AQC - ESP), responsável pelo Prêmio Angelo Agostini.
Gual foi, também, diretor do Instituto do Memorial das Artes Gráficas e do Museu de Artes Gráficas do Brasil, que fundou com o objetivo de aumentar o reconhecimento das histórias em quadrinhos como forma de arte.
Em 2002, recebeu o Troféu Jayme Cortez, categoria do ‘Prêmio Angelo Agostini’, oferecido em reconhecimento a contribuições às histórias em quadrinhos no Brasil. Foi membro da Associação de Quadrinhistas e Caricaturistas SP, editor de Quadrinhos, com Franco de Rosa, na Press Editorial, de Paulo Paiva.
Fez parte da turma que criou o Pasquim 21 e montou o Museu das Artes Gráficas do Brasil (MAG). Gual fez o ‘2º Salão Mackenzie de Humor e Quadrinhos’ e trouxe de Niterói a Nair de Teffé (1886-1981), primeira caricaturista mulher do mundo, para uma exposição no Museu da Imagem e do Som (MIS), em 1978.
Em 2021, o 16º Salão Internacional de Humor de Caratinga realizou o “Festival Jal & Gual”, em homenagem aos cartunistas.
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