“Quando a arte desaparece, a civilização desaparece. Ela é a forma pela qual a cultura se manifesta mais significativamente. Num lugar onde há carência de arte, há carência em todos os sentidos”. (Augusto Rodrigues)
Penedo (RJ) - Depois da visita a ‘Casa Encantada’ - refúgio de grandes escritores do ‘Pasquim’ nos anos 70 e de artistas plásticos como Augusto Rodrigues que deixou eternizado nas paredes da pousada desenhos e pinturas exclusivas -, voltamos, eu e a Sheila, a Penedo.
Dessa vez, fomos conhecer a ‘Casa do Artista’, local onde morou e trabalhou o pintor Augusto Rodrigues. O lugar se tornou famoso por causa dele e, justamente por isso, é muito visitado até hoje.
A casa, hoje transformada em pousada, é um misto de cultura, arte e lazer, expondo em cada canto obras para serem conhecidas e apreciadas pelos hóspedes. O atelier, com uma bela vista da serra, era frequentado por vários amigos do artista, gente como o jornalista Fernando Pamplona e o músico Turíbio Santos, entre outros.
Augusto Rodrigues nasceu no Recife, em uma família composta por jornalistas, escritores e artistas. Deu os primeiros passos no jornalismo com o tabloide ‘Alma Infantil’, ao lado do primo Nelson Rodrigues. Em 1933, aos 20 anos, junto com outros artistas, promoveu o I Salão de Arte Moderna de Pernambuco, e a partir de então passou a realizar exposições nas principais galerias do país e em vários países da América Latina e da Europa; aos 21 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, a então capital federal.
No Rio, o pintor morou durante muito tempo no Largo do Boticário. Apaixonado pelo Largo, Augusto Rodrigues foi um dos personagens mais importantes na história do lugar. Morador da casa 1, o artista lutou pela preservação e tombamento do casario.
Frequentavam a casa do pintor, artistas e intelectuais, como Burle Marx, Oscar Niemeyer, Cândido Portinar, Manuel Bandeira, Bruno Giorgio e a crítica teatral Bárbara Heliodora.
Em 1948, na luta pela presença das artes no ensino público - tema que foi a grande paixão de sua vida - ao lado da artista norte-americana Margaret Spencer e da professora Lúcia Alencastro Valentim, idealizou, fundou e dirigiu o projeto Escolinha de Arte do Brasil, com cerca de 150 de unidades no Brasil e na América Latina.
Seu primeiro trabalho profissional como caricaturista foi no Diário de Pernambuco. Além do ‘Diário’, Rodrigues trabalhou ainda em veículos como a revista ‘O Cruzeiro’, os jornais do grupo Diários Associados, de Assis Chateaubriand, e nos jornais ‘O Estado de S. Paulo’ e ‘Última Hora’, entre outros.
O recifense atuou como caricaturista, desenhista, ilustrador, pintor, educador, fotógrafo, jornalista e poeta. Foi o principal caricaturista brasileiro na Segunda Guerra Mundial, tendo como principal personagem o ditador nazista Adolf Hitler.
Em Penedo, pouco antes de sua morte, nos anos 1990, participou de algumas das primeiras reuniões da recém-fundada Associação Pró-Natureza. O artista plástico deixou um legado múltiplo que abrange o campo das artes, da educação e do jornalismo.
Rodrigues nasceu no Recife, em 21 de dezembro de 1913 e morreu de parada cardíaca, na Santa Casa de Resende, há poucos quilômetros de Penedo, no dia 9 de abril de 1993.
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