O cartunista Cláudio Alecrim me lembra que no dia da morte do Millôr Fernandes, Ziraldo disse que toda a raça estava triste, referindo-se aos colegas cartunistas.
“Quando um cartunista morre a gente sente como se fosse da família” - disse.
Hoje, estamos mais tristes. Morreu na madrugada deste domingo o cartunista Frank Maia, carioca de nascimento, radicado em Santa Catarina, era diretor do Sindicato dos Jornalistas.
Maia era jornalista, ilustrador freelancer e chargista. Trabalhou nos jornais ‘O Estado’, ‘AN Capital’, ‘A Notícia’ e ‘Notícias do Dia’ . Era colaborador assíduo do portal ‘Desacato’ e ‘Lagartixa Diária’ e de publicações de entidades sindicais ligadas ao movimento social.
Em 2017, lançou, junto com Isadora Cardoso e Maurício Oliveira, o livro “Capa dura, miolo mole”, com uma coletânea dos seus trabalhos. Nos últimos tempos compartilhava suas charges e as de diversos outros profissionais do traço de todo o país em redes sociais e em seu grupo de Whatsapp “serviço de xarjincasa”.
Não conheci pessoalmente o Frank, mas conhecia e admirava seu trabalho. Com traços fortes e cores alegres, seus desenhos revelavam um olhar crítico, buscando através do humor retratar a realidade da vida e a luta do movimento sindical.
As charges dele eram admiradas até por quem não gozava de sua presença. Mesmo virtualmente, muitos colegas eram fãs do seu trabalho.
Certa vez, o cartunista Pelicano disse pra ele: “Frank, você reparou que a gente nem se conhece pessoalmente e parece que somos amigos de infância?” Maia era assim, tinha a capacidade de se comunicar intensamente, tanto de forma pessoal como através de seu trabalho impresso e de suas intervenções nas redes sociais.
“Quando cheguei no curso de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Frank Maia já era uma lenda. Aos poucos fui conhecendo as suas histórias e o seu traço. Depois, tive a sorte de ser colega dele em ‘A Notícia’ por um bom tempo. Conheci mais de perto o talento e a pessoa divertida. Eu adorava quando de alguma forma conseguia contribuir para a centelha muitas vezes genial da charge que chegava no fim do dia. Quando ele me incluiu no grupo de colegas de ‘A Notícia’ que recebia a charge primeiro, eu me senti privilegiado - e lembro de ter guardado charges que achei que não seriam aprovadas. Algumas não foram. Maravilhosas, inclusive. Depois dessa época de AN e DC, nossos encontros foram mais raros, nos bares, mas sempre com muito carinho. Frank era carinhoso, até bravo.” - disse o cartunista ZéDassilva.
Frank, aos 55 anos, deixa esposa, três filhos, um neto e um legado para os mais jovens.
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