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Há 173 anos nascia Itabira, terra do poeta Carlos Drummond de Andrade

Emancipação política foi comemorada no último sábado (9)

A região de Itabira, conforme registrou o escritor Sebastião da Rocha Pita, em sua obra História da América Portuguesa, foi “descoberta” em 1698, mas só começou a ser povoada no decorrer do século XVIII, quando os irmãos Francisco e Salvador Faria de Albernaz chegaram na região, no ano de 1720, a procura de escravos e encontraram muito ouro nos ribeiros que desciam pela encosta de um pico. 

Francisco e Salvador Faria de Albernaz, vindos de São Paulo, eram descendentes de bandeirantes e se fixaram nas margens do rio, nos arredores do pico, onde durante muito tempo exploraram sozinhos as riquezas que haviam descoberto. Com o tempo as informações sobre as riquezas foram se espalhando e atraindo novos exploradores, e assim começaram a se formar os primeiros povoados às margens dos riachos que corriam ao pé do Pico do Cauê, terras essas sob domínio indígena, o que deu causa a muitos conflitos e mortes. Já no final do século XVIII, o povoado estava consolidado e foi batizado de Sant’Ana do Rosário. Anos depois, foi construída uma capela em honra a Nossa Senhora do Rosário, que foi consagrada padroeira do povoado. 

Tempos depois, o povoado de Sant’Ana passou a distrito de Caeté e foi batizado com nome de Itabira do Mato Dentro, pelo alvará de 25 de janeiro de 1827, sendo elevado à categoria de vila pela resolução de 30 de junho de 1833, instalando-se a 7 de outubro do mesmo ano. Pela lei provincial nº 374, de 9 de outubro de 1848, a vila é elevada à categoria de cidade com o nome de Itabira, com dois distritos (Sede e São José da Lagoa), e seu território englobava ainda a área que se desmembraria em 1911 para dar origem ao município de Antônio Dias. 

São José da Lagoa emancipa-se em 17 de dezembro de 1938 com o nome de Presidente Vargas (hoje município de Nova Era). Atualmente restam o Distrito-Sede, Ipoema e Senhora do Carmo. O nome Itabira se origina da antiga língua tupi, significando “pedra que brilha”, através da junção dos termos itá (pedra) e byra (brilha), uma referência ao Pico do Cauê, importante marco geográfico da região.

Entre o final do século XVIII e começo do século XIX, a mineração do ouro entrou em declínio, porém ao mesmo tempo a exploração do minério de ferro começava a ganhar impulso, surgindo então as primeiras forjas, sendo Domingos Barbosa quem trouxe instrução à instalação da nova indústria. A primeira do tipo foi instalada por Manoel Fernandes Nunes, que além de fundir o ferro, manufaturava e fabricava diversos objetos, ferramentas e armas.

A partir de então, Itabira estava com seu progresso econômico garantido pelas indústrias de fundição de ferro que existiam desde o fim do império, sendo a mais importante da época a Fábrica do Girau (1816). Mais tarde, vieram as fábricas de tecido, em 1876 a do Gabiroba e em 1888 a do Pedreira. Em 1910, no XI Congresso Geológico Internacional, realizado em Estocolmo, na Suécia, revelou-se que no centro do estado de Minas Gerais, estavam localizadas as maiores jazidas de minério de ferro do mundo. Em junho de 1911, a Itabira Iron Ore Company, sucessora da Brazilian Hematite Syndicate, foi autorizada a explorar e exportar minério de ferro das jazidas de Itabira por concessão do Governo Federal, tendo como presidente da república na época Hermes da Fonseca.

Com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas assume a Presidência da República e determina a todos os Presidentes de Estado que nomeassem os prefeitos das cidades.

Em 1931, Olegário Maciel, interventor em Minas Gerais, nomeia coronel Antônio Linhares Guerra, então presidente da Câmara, prefeito de Itabira.

Berço do poeta Carlos Drummond de Andrade, Itabira foi carinhosamente apelidada por seus habitantes de “Cidade da Poesia” e “Cidade do Ferro” por ser também o berço da Companhia Vale do Rio Doce, fundada em 1942. 

Em 1891, Itabira tirou de seu nome a expressão “Mato Dentro”.

Desenvolvimento

Itabira começou a se desenvolver economicamente quando a Companhia Vale do Rio Doce iniciou a exploração do minério de ferro em larga escala. Mais tarde ela duplicou a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), destinada ao transporte de minério até o Porto de Tubarão, no Espírito Santo. No final da década de 1960, Itabira ganhou novo impulso em seu desenvolvimento, com o Plano de Expansão da Vale, que construiu e colocou em operação o “Projeto Cauê”, responsável por um verdadeiro crescimento econômico da cidade, quando entrou em operação a usina de concentração, agregando valor no minério para exportação.

Hoje Itabira tem em sua sede dois grandes hospitais, o Nossa Senhora das Dores, fundado em 1859 pelo padre José Felicíssimo e o Hospital Carlos Chagas, construído mais tarde pela Vale e transferido anos depois para o município.

Itabira ainda se destaca na área educacional com duas faculdades privadas – Funcesi e Una - e uma universidade federal – Unifei.

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