Confesso não ter afinidade com gatos. Até escrevi a frase: “O gato é a versão gay do cachorro”.
Mas, outro dia, uma gata entrou na minha vida e mudou meu pensamento sobre os felinos. Quando ela morreu, mexeu muito comigo. Doeu perder um bichano doce, gentil, carinhoso que não passava de uma bola peluda de amor.
Até escrevi sobre a ‘Mel’ no meu último romance, “Sobre Sonhos e Girassóis” - escrito com Sheila Ferreira.
Diz o ditado que o cachorro é o melhor amigo do homem. Entre os escritores, no entanto, não é bem assim.
Na literatura, os gatos sempre tiveram lugar de destaque na preferência de grandes gênios das letras. Os escritores se identificam com os gatos, porque, como eles, os felinos têm hábitos silenciosos, solitários e noturnos e parecem habitar um mundo misterioso. É um animal independente, inteligente, sagaz e introspectivo.
Muitos escritores tiveram gatos como animais de estimação. Alguns eram verdadeiros companheiros na rotina da escrita. Diversos desses escritores foram, inclusive, inspirados por seus gatos em suas produções literárias.
Caso de autores como Charles Bukowski, Neil Gaiman, Patricia Highsmith, William S. Burroughs, Julio Cortázar, Truman Capote, Jorge Luis Borges, Ernest Hemingway, Stephen King e Edgar Allan Poe.
A lista de escritores que apreciam e escrevem sobre gatos é infinda, e sua imagem marca os textos literários trazendo lições de amizade, sabedoria e inspiração.
O poeta Charles Baudelaire, por exemplo, adorava gatos e a eles dedicou famosos poemas e muitas horas de contemplação, sendo criticado por lhes dar mais atenção do que à sua família.
Edgar Allan Poe escreveu “O gato preto”, considerado um dos contos mais admirados na literatura universal, em que mostra a dualidade no homem, afetividade e perversidade.
O escritor argentino Jorge Luis Borges, escreveu um poema lindo chamado “A Um Gato“.
No conto “O Gato de Botas”, o escritor francês Charles Perrault, narra a história de um caçula de três irmãos que recebe de seu pai um gato de estimação. Inicialmente decepcionado, com o tempo, o menino irá perceber que um amigo leal e espirituoso vale muito mais do que qualquer riqueza.
Lewis Carroll eternizou o gato de Cheshire numa personagem sorridente e filosófica que dialoga com “Alice no País das Maravilhas”, enquanto some e reaparece. É através dele que a menina consegue compreender um pouco do que acontece com ela.
No livro, “As Horas Nuas'', Lygia Fagundes Telles conta a história do gato Rahul. Personagem antropomórfico que pensa e traz reflexões sobre o comportamento dos humanos e a memória de um tempo em que acredita ter vivido outras vidas.
Na literatura, e até nos quadrinhos encontramos diversos exemplos do interesse dos autores pelos felinos. O cartunista Jim Davis, criador do gato Garfield, viveu numa pequena fazenda de gado junto com 25 gatos.
Alguns autores criaram frases inspiradoras sobre os felinos:
“O gato que nunca leu Kant, é talvez um animal metafísico.”
(Machado de Assis)
"Um gato tem honestidade emocional absoluta: os seres humanos, por uma razão ou outra, podem esconder os seus sentimentos, mas um gato não o faz.”
(Hemingway)
“Eu gostaria de poder escrever algo tão misterioso quanto um gato.”
(Edgar Alan Poe)
“O gato não oferece serviços. O gato se oferece.”
(William Burroughs)
“Cães pensam que são humanos, gatos pensam que são Deus.”
(Sidonie-Gabrielle Colette)
“Ao contrário do que as pessoas dizem, que gato não gosta de dono, o gato só é mais sutil”.
(Ferreira Gullar)
“Se o homem pudesse cruzar com os gatos, isso melhoraria o homem e deterioraria o gato.”
(Mark Twain)
O amor pelos felinos é antigo. Desde a antiguidade os povos egípcios os adoravam atribuindo a uma deusa felina o poder de unir o céu e a terra, representados pelos deuses Ísis e Osíris.
Na Pérsia, acreditava-se que ao ferir um gato preto o homem estaria maltratando a si mesmo.
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