Seriam os corações dos amantes tão grandes quanto os das mães, que abarcam todo mundo, e conseguem dentro deles ter tanto amor que distribuem como pães? Se nos apaixonamos várias vezes, é possível, com certeza, amar outros ou outras tantas com a mesma emoção e ao mesmo tempo. Por que não?
Quando um amor acaba, outro começa logo adiante, movido pela curiosidade, pelo afago, pela procura descontrolada por um colo, um carinho, um passar de mãos suaves sobre as lágrimas que derrubamos por outro, que nos deixou largados, e aí, novamente o coração começa a bater naquele ritmo frenético e diferente, as faces ruborizam, e o olhar se modifica e novamente é brilhante, abandonando o opaco.
Um amor se conserta com outro amor, ou concerta uma nova forma de buscar e amadurecer aquilo que é tão desejado.
Podemos amar tantas vezes e por que não podemos nos apaixonar ao mesmo tempo por outros corações?
Se alguém nos fere, com ferro será ferido ao nos encontrar em outros braços, e não adianta vir com perdão, amor é competição, enfim, a fila anda.
Ou então não existe impacto maior do que esse supetão de nos ver em plena rua só e chateado. Quando os olhos se levantam, uma voz, dessas que nós desprezamos antes, que nos vem dar as mãos. E levantamos, bem rápido, o coração novamente acelera, e ele, cheio de paixão, como uma torneira aberta, enchendo o vazio dentro de nós, e logo a pressão aperta e comemoramos como um gol que se completa.
Podemos amar muitos outros corações, que tenham todos os nomes, podemos até ficar sozinhos e amar nossas solidões, e podemos ficar quietinhos, agarrados bem juntinhos, por aqueles olhos, aqueles carinhos de quem merece ser exclusivo da nossa volta, e que por detalhes que parecem tão pequeninos, mas que deixam dentro da gente aquela saudade de montão, é que o coração, mesmo podendo amar muitas vezes, escolhe o verdadeiro destino da nossa paixão.
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