Polícia

PM mata na Cidade de Deus

Miriam, mulher de Edvaldo, exibe documento dele e diz que PMs o mataram (Foto: Reginaldo Pimenta)

“A polícia mata mais inocente do que prende bandidos. Queremos saber aonde isso vai parar; um inocente vai prá rua e está sendo morto nas mãos da polícia”.

A indignação, feita em prantos, é de Miriam dos Santos, 49 anos, auxiliar de professora, no necrotério do Instituto Médico Legal - IML -, ao liberar o corpo do marido, o mototaxista Edvaldo Viana, de 42 anos, na manhã de 19/5, quarta-feira. Ela acusa PMs de matar o marido com tiro no peito e outra pessoa, ainda não identificada, que viajava na garupa da moto de Edvaldo. Disse que ele fazia a última corrida do dia e que iria depois para casa.

O caso aconteceu à noite de terça-feira, 18/5, na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, debaixo de um viaduto que dá acesso à comunidade. Testemunhas disseram que Edvaldo parou a moto durante a abordagem de PMs, mas mesmo assim foi baleado, junto com o passageiro. Os PMs da guarnição do quartel do 18º BPM, em Jacarepaguá, prestaram depoimento à Polícia Civil, que investiga o caso, e tiveram um fuzil apreendido para perícia em exame de balística.

O mototaxista Edvaldo e o passageiro, feridos, foram arrastados pelos PMs até a caçamba de viatura policial, estacionada na Avenida Edgard Wernekc, e levados para o Hospital Cardoso Fontes, onde chegaram mortos.

Pai de dois filhos em Maceió, em Alagoas, Edvaldo veio para o Rio de Janeiro em busca de trabalho e conheceu Miriam na Cidade de Deus. Um dos filhos de Miriam, Paulo Henrique dos Santos Duarte, de 29 anos, contou que ao chegar no local das mortes, um dos PMs disse que “os dois gansos já foram levados”.

Mototaxistas fizeram protesto à noite de quarta-feira no local contra a morte de Edvaldo e exigiam justiça. Também moradores protestaram e atearam fogo em madeiras e pneus em ruas de acesso à Cidade de Deus.

Mototaxistas em protesto contra morte de colega na Cidade de Seus (Foto: Luciano Belford)

No mês de janeiro, naquele local, debaixo do viaduto, Marcelo Guimarães, 38 anos, foi morto a tiros ao passar de moto, depois de deixar o filho numa creche e tentar voltar para casa para pegar o aparelho celular que havia esquecido. Moradores acusaram PMs pela morte.

O comandante da PM, coronel Rogério Figueiredo de Lacerda, determinou à Corregedoria da Corporação investigação interna para apurar a ação dos PMs.
 

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