Se não estivesse confinado - como a maioria de nós - em sua casa na Muda, no bairro da Tijuca o médico e compositor Aldir Blanc, certamente receitaria, para esses dias de confinamento, os sambas de Eduardo Gudin.
Estou ouvindo. Todos.
Os jovens, certamente, nunca ouviram falar dele.
Azar dos jovens.
Os mais novos talvez não acreditem, mas, nos anos 60, 70 e 80 no rádio e na TV tocava música de qualidade. Os programas de auditório - extintos - tocavam Pixinguinha, João da Baiana, João Gilberto, Cartola e Gudin.
Eduardo Gudin, 69, que não conheci, nasceu em São Paulo, mas foi no Rio de Janeiro que ele surgiu para a música.
Gudin se apaixonou pela música popular brasileira aos oito anos, quando seu pai, funcionário da Shell, chegou em casa com “Chega de Saudade”, disco de estréia de João Gilberto, lançado em 1959.
Começou a tocar violão com 12 anos de idade. Um dia, ouviu Paulinho Nogueira tocando num programa de televisão e disse: “Vou querer fazer isso da vida”.
A mãe, pianista clássica, apoiava e incentivava a paixão do filho pela música.
Na adolescência, Gudin se reunia com os amigos, fãs de música, na praça Pinto Peixoto, em São Cristóvão, subúrbio do Rio. Baden Power morou lá. João de Aquino, também.
A carreira profissional começou quando ele, aos 16 anos, foi ao hotel onde Elis Regina, Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli estavam hospedados e pediu para ouvirem sua música. “A Elis gostou e eles me levaram para tocar no ‘Fino da Bossa’, programa musical exibido na TV Record, entre 1965 e 1968", diz.
Mas Eduardo Gudin era menor de idade, na época. Antes da sua apresentação, chegou o juizado de menores e disse que ele não podia ficar alí. “Fiquei desesperado! Aí o Jair Rodrigues, que apresentava o programa junto com a Elis, me pegou pelo braço e disse para os caras: ‘Daqui vocês não vão tirar ele!’, disse.
Em 1969, os 18 anos, Gudin compôs “Gostei de Ver” música que ficou em terceiro lugar no Festival da Record. No mesmo ano iniciou a parceria com o letrista Paulo César Pinheiro, seu parceiro mais constante.
Autor de clássicos como “Mente”, parceria com Paulo Vanzolin; “Mordaça”, “Chorei” e “Maior é Deus”, com Paulo César Pinheiro; “Ainda Mais” e “Sempre se Pode Sonhar”, com Paulinho da Viola; Gudin foi, também, parceiro do genial Adoniran Barbosa.
Apaixonado pela música, Eduardo Gudin disse, em uma entrevista, que tudo o que fazia na vida, que não fosse ligado ao seu trabalho, era tempo perdido.
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