Coluna

WOODY ALLEN POR WOODY ALLEN

O jornalista sueco Stig Björkman se encontrou com Woody Allen, em sua casa, em Nova York, durante várias semanas, no inverno de 1992.

As conversas, gravadas por Sting em um velho gravador portátil, resultaram, em 2005, no livro “Woody Allen por Woody Allen” (Ed.Grove Press), lançado aqui no Brasil pela editora Nórdica e que só li agora, com atraso. 

As entrevistas, para o livro a respeito de seus filmes e sua carreira, se realizaram no cinema particular do escritório da casa de Woody, o 'Manhattan Film Center'

Um local sem mobílias. Havia apenas um sofá com duas poltronas e uma mesa baixa. Uma das paredes era coberta por uma estantes com parte da coleção de discos que Woody usa nas trilhas sonoras de seus filmes e, ao lado, um velho piano.

DIVULGAÇÃO

Em outra parede, menor, a tela do cinema estava escondida por uma cortina preta. 

A vida particular do diretor é extremamente protegida, e a vida pública reduzida ao mínimo possível. 

A exceção fica por conta das noites de segunda-feira no Michael´s Pub, onde Woody toca, todas as semanas, clarinete em um conjunto de jazz tradicional.

Daí a importância histórica desse livro. Algumas dessas histórias:

“Desde criança, sou um assíduo espectador de filmes. Morava num bairro de classe média baixa no Brooklyn e havia cerca de 25 cinemas perto da minha casa.”

“Nunca gostei de palhaços - ao contrário de Fellini. Jamais me diverti com palhaços de circo. E nunca gostei de comédia pastelão.”

“Chaplin era um homem hilariante. Buster Keaton, no entanto, não era particularmente engraçado. Acho os filmes dele soberbos. São obras primas. Mas ele, em si, nunca me fez rir muito.”

“Chico era talentoso. Harpo era extremamente talentoso e Groucho era o melhor dos irmão Marx.”

“Eu sempre soube escrever. Mesmo em criancinha. Conseguia criar boas histórias antes mesmo de saber ler. Sempre digo que aprendi a escrever antes de ler.” 

“O primeiro roteiro de filme que escrevi foi ‘O Que é Que Há Gatinha?’. Uns caras me pagaram para escrever, mas eles não sabiam o que fazer com ele. Não sabiam como filmá-lo. Transformaram-no num filme que me deixou muito infeliz. Jurei, naquela época, que nunca mais escreveria outro roteiro a não ser que eu fosse diretor do filme.” 

“A música de ‘Um Assaltante Bem Trapalhão’ foi composta por Marvin Hamlisch. Ele fez meus dois primeiros filmes. Depois, bem mais adiante, comecei a ver que sempre que editava eu colocava músicas de discos como fundo. Gostava mais deste jeito. Gosto do som dos discos.”

“Fellini foi um dos meus cineastas inspiradores. Considero ‘Abismo de Um Sonho’, a mais pura comédia já realizada. Há uma comédia de Preston Sturges que é muito boa chamada ‘Odeio-te Meu Amor’ . Porém é difícil para mim pensar numa comédia melhor que a de Fellini.”

“Annie Hall foi o primeiro bom papel feminino que escrevi. E daí em diante, escrevi sempre bons papéis para mulheres. Em geral, superiores aos papéis masculinos. Minhas mulheres prediletas eram Mia Farrow, Diane Keaton, Dianne Wiest, Meryl Streep e Judy Davis.”

“Não leio as críticas. Se um jornalista disser: ‘esta obra é de um gênio’, não significa que eu seja um gênio. Também se disser que eu sou um idiota, não significa que eu seja um idiota. As pessoas terminam um filme. Lêem as críticas. Fazem festas. Para mim, é como fabricar biscoitos. Acabo um filme, terminou, acabou. Acabo um filme e começo logo a fazer outro.”

Ediel Ribeiro (RJ)

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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