Rio - Paulo Francis entrou na minha vida, e de tantos de minha geração, a partir dos anos 70, quando passou a escrever no “O Pasquim”.
Em 1976 ganhei dele o livro “Paulo Francis nu e cru”, onde ele escreveu: “Sempre escrevi rápido, pensei rápido e vivi rápido.”
Faz este mês, 22 anos que Francis, angustiado por uma possível derrota em uma ação movida pela Petrobras contra ele, morreu do coração no dia 4 de fevereiro de 1997, em Nova York, aos 66 anos.
Carioca de Botafogo,foi um jornalista, crítico de teatro, diretor e escritor brasileiro. Na imprensa, começou na revista “Diners”, em 1968 - onde revelou Ruy Castro - na Rua do Ouvidor.
Trabalhou em vários jornais, entre eles, "Correio da Manhã", "Tribuna da Imprensa", "Última Hora", "O Pasquim", "Folha de S.Paulo", "O Globo" e "O Estado de S. Paulo".
Histriônico, caricato, mas corajoso; uma espécie de kaiser do achincalhe e da esculhambação. Era acusado por seus críticos de erros primários, de inventar, de chutar, de não checar. E de se apoderar de frases alheias, pensamentos inteiros, sem usar aspas.
Um dos seus erros mais famosos apareceu numa crítica sobre o filme norte-americano Tora! Tora! Tora! No texto afirmava que o Almirante Yamamoto havia comparecido à première do filme, em 1971, sendo que o militar japonês havia morrido em 1943, quando seu avião foi abatido pelos americanos. Mas ele mantinha todos os erros, por, segundo ele, não estar interessado na realidade dos fatos, mas numa "análise".
Preso quatro vezes pelo regime militar, defendia o fechamento do Congresso Nacional. Queria privatizar, a Petrobras, “cabide de emprego” e “uma estatal ineficiente e inoperante”.
Em 1997, durante o programa "Manhattan Connection", Francis propôs a privatização da Petrobras, acusou os diretores da estatal de possuírem US$50 milhões em contas na Suíça – acusação pela qual foi processado na justiça dos EUA.
Como escritor escreveu os romances "Cabeça de Papel" (1977); "Cabeça de Negro" (1979) e "Carne Viva" (2008); além de novelas, artigos, memórias e ensaios.
Fazia amigos e admiradores na mesma velocidade com que fazia inimigos.
Sou de uma geração que lia e admirava o texto ferino de Paulo Francis.
* Ediel é jornalista e escritor
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