Rio - Dia desses, li nos jornais, que o botequim dos simpáticos Francisco Chagas e Alaíde Carneiro, duas lendas da gastronomia carioca, fechou as portas, vítima da crise que assola o Rio de Janeiro.
	Lembrei que, da última vez que estive lá, saboreando o impagável bolinho de baião de dois - prato que Alaíde transformou em salgado - do "Chico & Alaíde", no Leblon, tive um desses "Déjà-vu".
	Me veio à cabeça, a recorrente frase dos filmes de Hollywood: "Eight years before".
	Há oito anos atrás, Francisco Chagas e Alaíde Costa, dois ilustres personagens da crônica de botequim carioca, deixaram o Bracarense, para seguir carreira solo. Fundaram o "Chico & Alaíde", um botequim com jeito carioca, na Rua Dias Ferreira, 679, no mesmo bairro.
	A poucos metros da concentração do bloco "Areia", que sai no domingo de carnaval, embalado por marchinhas e clássicos do samba, em ritmo mais acelerado do que o habitual. 
	
			Foto: Divulgação
	
	Os tira-gostos do boteco, fazem a alegria dos foliões. Lá, são servidos os instigantes bolinhos da Alaíde; com massa de aipim, camarões e catupiry, e o choquinho; salgado de camarão graúdo com catupiry, salpicado de batata palha, receitas trazidas do Bracarense. Tudo regado a chope Brahma .
	No Bracarense, onde começaram, e fizeram história; Chico, como garçom e exímio tirador de chopp e Alaíde pilotando o fogão da casa. Eram queridos pelo Armando, dono do bar e figura ilustre do bairro - assassinado num desses crimes bárbaros que chocam a população e que a polícia até hoje não elucidou.
	O "Braca" - como é chamado pelos habituês - era um dos botecos preferidos dos cartunistas Otélo Caçador e Jaguar; do escritor João Ubaldo Ribeiro; e do maestro Tom Jobim.
	Tom Jobim era fissurado pela dobradinha da Alaíde. Comia e levava uma quentinha para comer no sofisticado "Bar do Tom", um megabotequim aberto pelo amigo Alberico Campana, dono da Plataforma, para homenagear o maestro.
	Nas paredes,  letras das músicas do Tom e uma impressionante bomba para tirar chope em forma de saxofone, vinda da Holanda, que pode ser manejada pelo próprio freguês.
	Caetano Veloso é outro fã do botequim. Sempre que pode passa por lá para degustar a carne assada com farofa da Alaíde.
	Por causa das mortes dos amigos, Tom, Armando, João Ubaldo e Otélo; Jaguar ficou um tempo sem aparecer por lá.
	Agora, ninguém mais vai.
	*Ediel é jornalista e escritor
                                                            
                                
        
        
        
        
        
        
        
        
        
        
        
        
        
        
        
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