Rio - Acredite se quiser, leitor, eu tinha apenas quinze anos e já odiava Luiz Carlos Maciel.
Nessa idade, eu já publicava meus primeiros desenhos em jornais de bairro, de sindicatos e até já tinha emplacado uma caricatura do jornalista Nelson Rodrigues, num jornalzinho do SESC.
Era louco pra ver meus desenhos (sic) no " O Pasquim".
Comecei a escrever para a seção de cartas do jornaleco e mandar junto os meus rabiscos.
No auge do 'O Pasquim', depois, "Pasquim", sem o artigo; Luiz Carlos Maciel, mantinha uma coluna que fez maior sucesso, chamada 'Underground'. A coluna fez dele, durante a ditadura, o guru da contracultura.
Maciel, segundo Jaguar - editor do tabloíde - era quem mais recebia cartas dos leitores.
Como eu gostava de Rock, mandei algumas cartas com caricaturas de roqueiros (copiando descaradamente os traços do Fortuna e do Lan) para a coluna mantida pelo Luis Carlos Maciel, no hebdomadário.
Ele nunca respondeu nem publicou minhas caricaturas.
Odiava ele! Nem o conhecia, mas já o odiava.
Tempos depois, conversando com Jaguar, no bar Degrau, no Leblon, fiquei sabendo que Ivan Lessa jogava fora todas as cartas destinadas ao jornal e fazia da seção de cartas do jornal, sob o pseudônimo de Edélzio Tavares, uma delirante obra de ficção.
Nunca tive chance de me desculpar com o Maciel. Nem de esculhambar com o Ivan Lessa, por me fazer perder tempo.
Claro, eu não faria isso com o Ivan Lessa! Eram dois talentos. E dois ídolos.
Luiz Carlos Maciel, filósofo, jornalista, escritor e roteirista, era também ator amador; e aos 20 anos já tinha dirigido "Esperando Godot", de Beckett.
Além de colaborador do jornal O Pasquim, foi diretor da edição nacional da revista Rolling Stone e passou também pelo Jornal do Brasil e pela Veja.
Em 1970, foi preso pelo regime militar e passou dois meses na Vila Militar.
Era amigo de Glauber Rocha que o apresentara a João Ubaldo Ribeiro, Caetano Veloso e Tarso de Castro.
Tarso, imediatamente se apaixonou pela cultura e do jovem bonito talentoso.
Quando veio para o Rio de Janeiro, convidado para editar o "Panfleto" - jornal do Leonel Brizola, seu guru político -, Tarso convidou o amigo.
Com o fim do "Panfleto, Tarso levou Maciel para juntos criarem o ipanêmico " O Pasquim", e, dalí, para todos os seus projetos jornalísticos.
Luiz Carlos Maciel morreu no Rio de Janeiro, aos 79 anos.
*Ediel Ribeiro é jornalista e escritor
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