Agropecuária

Conselho Pró-Pequi planeja combate à colheita irregular do fruto

Em conjunto com órgãos ambientais, órgão vai trabalhar para reduzir extração do pequi diretamente do pé

Durante três dias Montes Claros se transformou na capital nacional do pequi. (Divulgação/Seda)
Durante três dias Montes Claros se transformou na capital nacional do pequi. (Divulgação/Seda)

 

Com o objetivo de fortalecer a produção e o beneficiamento do pequi no Norte de Minas Gerais, o Conselho Diretor Pró-Pequi irá promover neste ano diversas ações de regulação e fiscalização para o combate à colheita irregular do principal fruto do Cerrado.
 
Devido a diversos fatores, o fruto tem sido colhido diretamente do pé. O procedimento é prejudicial à florada, inibindo o desenvolvimento e a produção do fruto nas colheitas futuras. O certo é a colheita após o fruto cair no chão.
 
“Vamos lançar em conjunto com órgãos ambientais uma série de ações para que isso não ocorra. A fiscalização e a regulação da atividade são parte de nosso trabalho. Na outra ponta, vamos continuar incentivando o processamento do pequi no Norte de Minas para o fortalecimento da produção na região”, diz o secretário de Estado de Desenvolvimento Agrário em exercício, Alexandre Chumbinho, que também é presidente do Conselho Diretor Pró-Pequi.
 
Segundo Chumbinho, grande parte do pequi colhido em Minas Gerais não fica na região. “Isso é resultado da pressão dos estados vizinhos que processam o fruto e necessitam de grande quantidade, ocorrendo inclusive o fenômeno do mercado futuro. Ou seja, o extrativista já vende a safra do ano seguinte no ano anterior. Por isso, quando começa a época de pequi saem pegando tudo que vêm pela frente, no chão e também o fruto precoce”, completa.
 
Chumbinho representou o Governo de Minas Gerais durante a 27 ª Festa Nacional do Pequi realizada neste fim de semana, na Praça da Matriz, em Montes Claros. O evento é realizado pela Prefeitura de Montes Claros, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, e conta com o apoio do Centro de Agricultura Alternativa (CAA) e do Conselho Diretor Pró Pequi, órgão colegiado com 24 representantes do poder público e sociedade civil. 
 
Troca de experiências
 
Durante três dias Montes Claros se transformou na capital nacional do pequi e demais frutos do Cerrado, com diversas atrações culturais, comidas típicas, feira agroecológica, entre outras.
 
Participando pela primeira vez da festa, Eva Moreira e Maria de Lourdes Rodrigues são da comunidade Goiabeira Velha, em Lagoa dos Patos, e pertencem à Associação Sabores da Terra. Com os frutos do Cerrado, elas produzem biscoito de baru, doce de umbu, creme de pequi e poupas de frutas (acerola, umbu, seriguela).
 
“É muito bom estar aqui. Além de vender os produtos a gente troca experiências com outros agricultores familiares. Temos muitas coisas que podemos fazer com o pequi e que a gente não sabia, por exemplo, o creme da castanha é um exemplo”, conta Eva Moreira.
 
Dona Jovina Coutinho, da comunidade de Canabrava, município de Jequitaí, conta que, com o apoio da Emater-MG, está transformando os frutos do Cerrado em produtos processados para a venda nas feiras. “Tem muita gente que está procurando os nossos produtos”, festeja.
 
Sorteio de Mudas
 
A festa também é um espaço para a divulgação de pesquisas na área. O Instituto de Ciências Agrárias da UFMG, uma das instituições que integram o Conselho Diretor Pró-Pequi, montou uma tenda para a exposição de trabalhos e sorteio de mudas.
 
“Temos que desenvolver estudos que trazem benefícios diretos à comunidade onde atuamos”, afirma o estudante de agronomia, Felipe Ramos, que trabalha na pesquisa de “domesticação” do pequizeiro.
 
O objetivo é reduzir o tempo de germinação da semente, produzindo mudas de pequi para incentivar o cultivo do fruto, ameaçado de extinção pelo extrativismo predatório e crescimento da monocultura de eucalipto na região.
 
Já a estudante de engenharia ambiental Cintia Dairane Duarte trabalha em um projeto na comunidade do Alegre, em Januária, cujo objetivo é a criação de quintais agroflorestais para a diversificação da produção local. “Além de melhorar a sensação térmica, há a melhoria do solo e a interação entre as famílias, que estão vendendo o excedente da produção”, diz.

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