Muito se escreveu sobre o Pastor Joaquim Beato, após seu falecimento. Sua importância na vida do Espírito Santo foi destacada. Também foi realçado, pelo Brasil afora, seu esforço pela união de todos os cristãos. Os louvores a sua pessoa e história de vida fizeram-lhe Justiça, em razão de seu grande mérito.
O que posso acrescer a tudo que foi dito é um depoimento pessoal. Este depoimento é um dever de consciência. Ficaria em débito comigo mesmo se o omitisse.
A importância deste acréscimo está no calor e na espontaneidade que caracteriza todo depoimento pessoal.
O Bispo Dom Luís Gonzaga Fernandes, com apoio do Arcebispo Dom João Baptista da Mota e Albuquerque, criou a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória. Embora inspirada por Bispos, não se tratava de uma instituição católica. A luta pela Justiça é um compromisso de todos os cristãos. Em razão deste caráter ecumênico da CJP (sua sigla de combate), os Bispos convidaram três ministros evangélicos para integrar o grupo: Pastor Claude Labrunie, Pastor Jaime Wright e Pastor Joaquim Beato.
Os demais membros fundadores eram do redil católico, entre religiosos e leigos: Amélia Ferreira Rosa, Ana Rita Sgario, Antônio César Menezes Penedo, Auta Trindade, Dante Pancini Pola, Ewerton Montenegro Guimarães, Geraldo Lyrio Rocha (então Padre, hoje Bispo), Heloísa Maria Rodrigues da Cunha, Laurita Schneider, Maria Helena Teixeira de Siqueira, Marialva Vello, Marlene Cararo, Nestor Cinelli, Ricardo Santos, Rogério Coelho Vello, Sandro Chamon do Carmo e este articulista.
O Pastor Joaquim Beato foi figura da maior valia na Comissão de Justiça e Paz. Não obstante a humildade dos gestos, sua palavra tinha o fogo do Profeta. Pelo fato de ter sido seu companheiro naquele cenáculo, testemunhei, por diversas vezes, a energia com que se manifestava à face de tudo que era injusto e que, por consequência, negava, na prática, ser o homem templo de Deus.
Como Secretário Municipal de Cidadania, Joaquim Beato foi o principal artífice da criação da Casa do Cidadão, obra do então Prefeito Paulo Hartung. Novamente os misteriosos caminhos da vida puseram-me ao lado dele: escrevi, a seu pedido, um ABC da Cidadania, distribuído gratuitamente aos milhares, nas associações de moradores, sindicatos, movimentos populares em geral e nas igrejas de várias denominações. Só mesmo um administrador municipal com a visão de estadista poderia compreender o papel da comuna, do ente político menor, na persecução do projeto do ente político maior: a construção da cidadania, em nível nacional.
Diversos municípios do Brasil seguiram o exemplo de Vitória e criaram Casas do Cidadão. Cartilhas da Cidadania foram produzidas e distribuídas a mancheias por todo o território nacional.
João Baptista Herkenhoff é magistrado e escritor
E-mail: jbpherkenhoff@gmail.com
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