Os moradores do São Marcos e São Cristovão tem orgulho em falar de seus bairros, da vida tranquila longe da criminalidade, da liberdade das crianças que brincam nas ruas durante a noite sem preocupar os pais e de jovens e idosos que lotam as praças em um bate papo descontraído onde todos se conhecem e vivem como muitos gostariam de viver. O itabirano pode observar que nos noticiários policiais dificilmente se vê falar nesses bairros, por isso o motivo de tanto orgulho.
Além da vida tranquila, o bairro fica bem próximo do centro, outro motivo de orgulho porque ao mesmo tempo que estão em um bairro totalmente residencial, tem próximos tudo o que precisam no dia a dia. Os moradores reclamam apenas a falta no bairro de um PSF e sugerem que o prefeito instale no Brazuca uma unidade.
Ao contrário do que deseja o povo, pode ser instalado no local um projeto “Damoníaco”, o temido centro de ressocialização de menores infratores.
Pode, às vezes, algum bem intencionado ligado à educação ou defensor deste projeto achar que é ignorância deste colunista pela maneira que aborda o tema, mas a verdade é que não há quem defenda mais o investimento em educação e que acredite mais na recuperação do ser humano do que eu. Acredito que nessas causas não há demanda perdida e que todos podem se recuperar por mais tenebroso que seja seu passado ou por mais impossível que possa parecer. Esses menores precisam muito de pessoas que acreditem neles, que os dê oportunidade através da educação, da cultura, do esporte e do convívio em um ambiente saudável, sem contudo os isentar da culpa de seus delitos. Dito isso volto ao tema para dizer que sou solidário aos moradores dos bairros São Marcos, São Cristovão, adjacentes e de toda nossa Itabira que não concorda com a construção deste centro de ressocialização no Brazuca. Se o projeto for adiante, o local pode se transformar em um barril de pólvora dentro do perímetro urbano, com risco de explodir a qualquer momento e aí todos sairão chamuscados.
Precisamos compreender que a vida é uma escolha e mesmo sendo dever do Estado e da sociedade trabalhar para ressocializar estes que um dia escolheram o caminho do mal, não podemos esquecer que os moradores destes bairros escolheram para si o caminho do bem, da paz, da tranquilidade e do bom convívio.
Por isso chamo o projeto de “damoníaco” e a mistura que faço pode ser explicada. O nosso prefeito, Dr. Damon, é o mentor deste projeto e tudo que tira a paz do ser humano pode ser chamado de ação demoníaca, daí o nome do projeto – “Damoníaco”.
Poderíamos estar aqui exaltando a ideia, isto se este projeto fosse construído pensando no bem estar de toda a população itabirana e tivesse como único objetivo tirar essa juventude da criminalidade, levar a um centro de reeducação para inseri-lo na sociedade tempos depois de maneira que pudesse ser recebido de braços abertos. Mas o interesse não parece ser apenas este, deve haver outros que não podem ser revelados.
Este centro de ressocialização que nos mete medo, ao mesmo tempo em que desejamos a sua construção, poderia ser bem próximo ao presídio, onde as atenções da força policial estão sempre voltadas. Naquele lugar não haveria discussões, seguramente toda a população apoiaria. Mas parece que a palavra "apoio" não faz parte do vocabulário de Dr. Damon, que prefere medir forças para exibir poder e esquece que este poder foi concedido a ele pelo próprio cidadão que hoje reclama de suas ações, mesmo sabendo que a ele pouco importam estas reclamações.
Mas mesmo assim é preciso resistir a este projeto “damoníaco” que pode tirar a paz e a tranquilidade que vivem os moradores. Então, mesmo na correria do dia a dia como é a vida do trabalhador, tire um tempinho para dar pelo menos uma ligada para o vizinho, discutir o assunto e perguntar: “E ai, vamos resistir? Este bairro é nosso e a nossa paz ninguém tem o direito de roubar.”
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