Juiz de Fora (MG) - Um burro nunca aprende -.não gosto de utilizar a expressão do animal para dizer sobre a impossibilidade de alguém aprender -, afinal, se pensarmos bem, um burro, o animal, é apenas alguém que se insubordina contra um homem que quer obrigá-lo a fazer uma coisa que ele não quer. Um burro, o animal, deveria assim ser considerado um rebelde civil. E não há nada mais corajoso do que esta atitude.
Um burro, no caso de um homem, não é alguém que nunca aprende. É alguém, excluídas as possibilidades físicas e mentais, simplesmente, preguiçoso, que se recusa a aprender porque é preguiçoso e indolente. E nunca se insubordinará, porque sempre estará à mercê de alguém. O pior neste burro é que acha que está certo e, de certa maneira, tem orgulho de ficar ignorante para sempre. E subordinado também.
Alguém considerado inteligente é aquele que erra e aprende com seus erros, considera as possibilidades e tenta atuar para que as coisas mudem. Se subordina em alguns casos por uma questão de inteligência ou sobrevivência. Mas tem os ouvidos e os olhos atentos para as oportunidades. E no momento adequado se lança sozinho, um voo solo, porque aprendeu coisas e, por assim dizer, conhece o caminho das pedras.
O burro, no caso o animal, poderá, em alguns momentos, fazer as coisas que o homem queira. No caso, ao oferecer alguma iguaria. E ele faz o que lhe mandam porque alguma coisa recebeu em troca. É uma decisão inteligente ou não. Dependendo da iguaria. Alguns trocam suas coisas, inclusive dignidade, por uma iguaria qualquer. Outros as trocam por um valor que acham adequado. Tudo é uma questão de inteligência ou de nível de inteligência. Quem sabe a iguaria adequada os tornem mais independentes. E não precisarão mais trocar nada por coisa alguma.
Depois deles temos os sábios. Um sábio seria aquele que está acima de todos, nessa cadeia intelectual.
O burro, no caso do homem, não se importa com o que fazem com ele, e acha que está levando vantagem. Não tem a noção de ser ludibriado ou manipulado. Segue uma cenoura ou uma iguaria qualquer.
O inteligente pratica seus erros, os corrige como eu escrevi, e evolui para se tornar independente. E não vai adiante por qualquer cenoura pendurada ou iguaria um pouco ou mais apetitosa. Vai aprendendo com o tempo o valor de cada iguaria e como pode fazer para adquiri-la.
Os sábios observam o comportamento dos outros, tanto dos burros, no caso do homem, e dos inteligentes. Contabilizam todas essas coisas e podem fazer a separação das iguarias. Não trocam o que sabem por nenhuma iguaria. A iguaria é a própria compreensão das coisas. Contabilizam os erros e acertos dos inteligentes e tentam compreender como a cabeça dos burros, no caso dos homens, funciona.
Os seus ensinamentos podem ser vendidos tantos aos burros, no caso homem, quanto aos inteligentes. Podem fazer um formato para cada freguês. Podem ver a vida de forma diferente. O possível para serem insubordinados, e o possível para escolherem coisas inteligentes.
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