Entreouvidos em um boteco em Brasília.
Conversa entre dois bolsonaristas. Um radical e outro moderado:
-Jair Bolsonaro, com o governo que está fazendo, vai entrar para a história - disse o radical.
-Tem certeza? Mesmo com os resultados pífios na economia, na saúde, na educação e na cultura ? - rebateu o moderado.
-Ainda assim. No Centrão, já estão articulando para colocar o nome dele no Livro dos Heróis da Pátria, no Panteão da Pátria e da Liberdade.
- O livro dos Heróis da Pátria? O chamado Livro de Aço? Aquele que fica exposto no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e serve de homenagem aos brasileiros que se destacaram em defesa do País?
-Esse mesmo!!
Ao ouvir a conversa, pensei: certamente, o nome do capitão nunca estará no livro onde estão Machado de Assis, Rui Barbosa, Euclides da Cunha, Zuzu Angel, Leonel Brizola, Maria Quitéria, Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Anita Garibaldi e outras personalidades.
No entanto, no futuro, quando os livros de história publicarem a trajetória de Jair Messias Bolsonaro na Presidência da República, nas páginas dedicadas a todos os seus feitos, encontraremos o legado de destruição que Bolsonaro deixará ao Brasil.
Quando Bolsonaro assumiu o governo, disse claramente que iria desconstruir o que havia sido feito até então, acabando com tudo o que ele acreditava ser o problema brasileiro. Mas ninguém imaginava que ele estava disposto a destruir o país sem colocar nada no lugar.
O rastro de destruição na educação, na saúde, na cultura, nos direitos humanos e na questão ambiental é o seu legado maior. Ou seja, ele desmantelou a Nação e deixou um legado de terra arrasada para o futuro governante que o sucederá em 2023.
O ‘tsunami bolsonarista’ atingiu todas as áreas e segmentos do país.
Na saúde, deixará uma herança de mais 640 mil mortos pela Covid-19, causadas pela demora na compra da vacina. Enquanto as pessoas morriam sem vacina e sem oxigênio nos leitos, ele preferia receitar cloroquina.
Deixará a Funai destruída. A Instituição que em seus primeiros 52 anos, fez o que pôde para proteger os índios, nos três últimos anos, parece querer tomar suas terras e exterminá-los.
Outra instituição atingida foi a Biblioteca Nacional. Abandonada e entregue as traças e a um discípulo do guru Olavo de Carvalho.
O Ministério da Cultura foi transformado em Secretaria Especial de Cultura, e, em seguida, reduzida a humilhante apêndice do Ministério do Turismo, cujo atual titular é o sanfoneiro particular de Bolsonaro.
O Iphan foi "ripado" por Bolsonaro para parar com essa história de proteger o patrimônio histórico e artístico nacional.
A Lei Rouanet está entregue a um ex-PM.
A Saúde a um paraquedista.
A Ciência e Tecnologia foi entregue a um astronauta que já foi chamado de burro até pelo ministro da Fazenda.
A Educação foi entregue a incompetentes e pastores ladrões.
A Cultura foi entregue a um ex-atorzinho de ‘Malhação’ que odeia a cultura.
A Fundação Palmares foi entregue a um racista.
A Secretaria da Mulher está nas mãos de uma anti-feminista.
Todas essas instituições, que controlam valores em milhões, estão nas mãos de arrivistas, amadores e oportunistas. Enquanto isso, a agenda política do presidente se resume a evitar o impeachment e proteger a sua família.
E a agenda do ministro da Economia Paulo Guedes? Qual é a agenda do Guedes? O que ele propôs de concreto desde que chegou ao ministério? O que ele fez? Nada.
Em resumo, no fim, o capitão ingressou no PL de Valdemar Costa Neto (um dos políticos mais corruptos da história recente) e entregou o país ao Centrão – conjunto de partidos desapegados de ideologia política –, como uma forma de usar a política para tentar a reeleição.
Enfim, Bolsonaro deverá, sim, entrar para a história: para a “Lata do Lixo da História”.
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