- Athaliba, promessa é dívida, e quem ajoelha tem que rezar. Como apalavrei com ocê na crônica Troféu Desatinado 2021 - impus, na verdade - vou listar personagens que, sob meu olhar crítico de felina irresistível, se destacaram este ano. Entre os destaques, a veterana atriz Arlette Pinheiro Monteiro Torres, que dá vida artística à Fernanda Montenegro, e Jhulia Rayssa Mendes Leal, dona do afetuoso apelido “Fadinha do skate”. Para felicidade geral da nação, a Fernanda, a atriz, vai vestir o fardão de ramos de café bordados com fios de ouro da Academia Brasileira de Letras - ABL. E a Rayssa, por sua vez, nas pistas de skate, por aí, na imensidão da pátria amada, faz reluzir o brilho da medalha de prata conquistada na Olimpíada de Tóquio.
- Marineth, na área esportiva tem uma atleta que deixou a população mundial boquiaberta, com performance monumental na ginástica. Ocê sabe quem é ela? E é inesquecível a imagem das atrizes Fernanda Montenegro e da Judi Dench, em suas respectivas línguas, o português e o inglês, declamando o poema “A flor e a náusea”, do nosso poeta Carlos Drummond de Andrade, na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016, no Maracanã, no Rio de Janeiro.
- Athaliba, antes de tudo, por favor, não me interrompa. Deixa de ser abelhudo. Sei quem é a atleta. É a Rebeca Andrade. Ela fez o Brasil vibrar ao conquistar medalha de ouro sob o som do funk “Baile de favela”. Trata-se da 1ª compatriota que conquistou medalha de ouro e de prata em edição olímpica. Na observação de Thiago de Souza, que estuda o funk desde o mestrado e faz doutorado sobre o gênero no Departamento de Música da USP, “a música, quando lançada, ainda não era tão higienizada e a letra original trazia conteúdo pesado”. Com a exclusão de palavrões e armas de fogo, “Baile de favela” teve grandes recordes de visualizações na internet.
- Marineth, a pneumologista Margareth Dalcolmo mereceu o título de Personalidade do Ano do Prêmio Faz a Diferença, promovido pelo jornal O Globo? Ela encantava nas aparições em telejornais no decorrer dessa pandemia do COVID-19, que já causou a morte de mais de 5,29 milhões no mundo, das quais mais de 616.000 no Brasil. Ela é a quietude, a credibilidade da ciência no enfrentamento do caos negacionista da epidemia sanitária.
- Athaliba, já pedi a ocê para não meter o bedelho na minha análise.
- Não precisa me colocar contra a parede, Marineth.
- Ainda bem, Athaliba. Aquele prêmio foi em reconhecimento à intrépida determinação dela no combate da pandemia. Meses antes, em maio, recebeu o magnífico Prêmio Nise da Silveira, oferecido pela Prefeitura do Rio de Janeiro, via Secretaria Especial de Políticas e Promoção da Mulher. Ao receber a homenagem, a pneumologista e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca - ENSP/Fiocruz - e presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisologia para o biênio 2022-2024, afirmou o seguinte:
“Recebo o prêmio em reconhecimento à nossa atuação durante o período da pandemia do COVID-19 com especial emoção. Tive o privilégio de conhecer Nise da Silveira, uma mulher extraordinária, de aparência delicada, mas uma gigante como médica e que venceu inúmeros obstáculos. Foi a única mulher na sua formatura universitária entre 157 homens. Lutou contra o preconceito, contra exclusão dos pacientes psiquiátricos e pela cidadania. É, sem dúvida, um exemplo de mulher, médica e cidadã brasileira”.
- Marineth, a médica, que é docente da Pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-RJ -, é autora de mais de 100 artigos científicos publicados no Brasil e no exterior. É uma das pioneiras no atendimento de pacientes infectados pelo coronavírus e, no início de 2021, ministrou a palestra “O enfrentamento à pandemia do COVID-19 e a função social das universidades públicas” na Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF.
- Athaliba, ocê tá impossível. Rouba a cena com a doutora Margareth. Será que ficou com bruta inveja, ciúme, do Gilberto Gil, compositor, cantor e agora imortal da ABL, que a beijou na testa? A saudação carinhosa do baiano aconteceu recentemente, durante o lançamento do livro dela, Um tempo para não esquecer. Sobre a publicação, ela afirmou que “minha intenção foi deixar um registro, de certa maneira, cronológico, de tudo que aconteceu (na pandemia), de tudo que nós vivemos”. E quer saber: vou te encaminhar à ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, como “regalito” para deixar de ser intrometido. Ocê vai adorar o colo dela!!!
Comentários