Disputa na justiça pela direção do Patriota pode deixar o partido fora das próximas eleições em Itabira
Os partidos políticos têm até o mês de março de 2020 para se organizarem para a disputa das eleições municipais, que vão acontecer em todo o país no dia 04 de outubro.
O Folha de Minas começa a partir de hoje uma série de reportagens mostrando os bastidores da política em Itabira e as negociações de cada partido e candidatos a Prefeito. Uma grande mudança se desenha na disputa para o Executivo, o que irá surpreender o itabirano.
Nessa primeira reportagem, O Folha de Minas fala da disputa entre dois grupos políticos pelo comando do partido Patriota-51, em Itabira, o que pode colocar em risco os planos de futuros candidatos da legenda. Para os que pretendem disputar as eleições e estão filiados no Patriota (antigo PEN), vale um alerta. A disputa pelo comando do partido foi parar na Justiça e se o processo não for julgado até as convenções, os filiados do Patriota podem ficar de fora da disputa, até que a demanda entre os dois grupos seja resolvida.
Entenda o caso
O Patriota-51 é um partido recém fundado nacionalmente e foi organizado em Itabira pelo professor Júlio César do Couto. Júlio trouxe o partido para Itabira em maio de 2015 e começou a trabalhar a sigla em um curto prazo para a disputa municipal de 2016, a primeira do partido. O grupo conseguiu organizar o PEN – que mais tarde passou a se chamar Patriota – e montou uma das melhores coligações para aquela disputa: Renovação e Independência (PEN/PTC/PCdoB). Nesta coligação o propósito era fazer vereadores com o menor número de votos possível, um projeto que já vinha sendo trabalhado cuidadosamente em eleições passadas por Geraldo Ribeiro “Geraldinho”, que também trabalhou na organização do PEN. Nesta coligação foi eleito o vereador Jovelindo (PTC) com apenas 690 votos, tendo faltado somente 130 votos para eleger a segunda cadeira, que neste caso ficaria com o Sargento Venâncio (PEN).
Nas eleições de 2012 este modelo de coligação já havia sido montado por Geraldinho em outro grupo, quando elegeram o vereador Lúcio Mauro “Carteiro” com apenas 587 votos.
Depois de passadas as eleições de 2016, o ex-vereador Geraldo de Paulo Andrade (Ladinho), que é pai do atual vereador Weverton Vetão (PSB), aproveitou a força política de seu filho e procurou a direção estadual do PEN, atual Patriota, para pedir o comando da sigla no município. Em troca do comando, Ladinho prometeu transferir seu filho vereador para o partido, o que seduziu a direção estadual que passou então a presidência do partido para o ex-vereador. Começava ali uma grande batalha pelo comando da legenda.
A direção fundadora do partido no município, que havia sofrido a intervenção da Estadual, acionou a Justiça sob a alegação de descumprimento do estatuto partidário e cerceamento de defesa, processo que ainda tramita sob número 5000298-59.2018.8.13.0317.
De acordo com o ex-presidente Júlio Couto, o grupo está confiante na vitória, já que existem atualmente várias jurisprudências favoráveis em situações idênticas, onde a Justiça reverteu a intervenção. Mesmo assim, ele alerta que caso a justiça não decida até o mês de abril quem realmente irá comandar o partido, os filiados do Patriota poderão ficar impedidos de disputar as próximas eleições. “O Patriota está na justiça e enquanto a causa não for julgada, nem eu e nem o atual presidente poderá comandar o partido nas próximas eleições, afinal, é isso que discutimos na justiça. O atual presidente está no comando colocado pela direção estadual de maneira irregular, e não por decisão judicial. Todo mundo sabe que ninguém pode antecipar uma decisão da justiça e resolver as coisas ao seu modo. Eu saberei respeitar o que a justiça decidir, mas se ele tentar registrar candidaturas antes da justiça definir quem de nós irá presidir o partido, eu entrarei com uma ação na justiça para impedir essa manobra, por isso aconselho quem está hoje no Patriota e pretende disputar as próximas eleições, que procure uma sigla segura para a disputa, enquanto essa questão não se resolve”, concluiu o professor.
O interesse do ex-vereador Ladinho pelo Patriota, de acordo com fontes próximas a ele, era para tentar uma aproximação com o governo Ronaldo Magalhães. Segundo a fonte, Ladinho teria procurado o governo e oferecido levar o Patriota para a base de apoio, em troca de cargos para o partido. Além disso, teria prometido o apoio de seu filho, o vereador Weverton Vetão (PSB), que também passaria a compor a base de apoio do governo na Câmara, caso o partido presidido pelo pai passasse a integrar a base de Ronaldo.
O Folha de Minas teve acesso a uma certidão emitida pela Justiça Eleitoral que atesta a filiação de Vetão ao Patriota, em outubro de 2017. Porém, após a notícia da filiação vir a público, com risco inclusive de perda do mandato, o vereador alegou ter sido filiado contra sua vontade e retornou para o PSB, com uma postura firme de oposição ao governo de Ronaldo Magalhães.
Procuramos o Secretário de Governo, Ilton Magalhães, mas ele não confirmou a informação de que o ex-vereador Ladinho teria tentado negociar com o governo cargos para o Patriota e o apoio de seu filho na Câmara.
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