Moradores do São Marcos reúnem em associação e resistem a construção de \\\"cadeião\\\" no Brazuca
Os moradores do São Marcos e adjacentes estão mobilizados para impedir a implantação de um “cadeião” (é como está sendo chamado pelos moradores o centro de ressocialização para menores infratores) no antigo Brazuca, como deseja o prefeito Damon Lázaro de Sena (PV). Na noite de ontem o movimento ganhou um grande reforço com o apoio de vários vereadores que participaram de uma reunião que aconteceu na sede da associação do bairro São Marcos.
Com a associação lotada – aproximadamente 100 pessoas – os vereadores discursaram e prometeram se engajar na luta com os moradores contra o projeto de Dr. Damon. O vereador Geraldo Torrinha (PDT), em seu discurso, disse aos moradores que podem contar com seu apoio. Disse que não é contra a construção do centro de internamento para menores em Itabira, mas que não concorda com a construção em zona urbana. Segundo Torrinha, Itabira tem muitos terrenos onde pode ser construído e sugeriu que seja feito próximo a cadeia. “Construir uma unidade dessa dentro da zona urbana é uma covardia com os moradores. Eu sou totalmente contra e vocês podem contar com meu apoio. Aliás, não sou contra a construção dele apenas aqui no bairro São Marcos, mas em qualquer outro bairro de nossa cidade. O lugar certo para esta construção é próximo a cadeia, onde há mais segurança tanto para o cidadão quanto para os menores que precisam de um espaço adequado para se ressocializarem. Não da para entender qual é o interesse do prefeito em construí-lo aqui.”
O vereador Bernardo Mucida (PSB) também fez coro ao vereador Torrinha e conclamou a população a continuar mobilizada. Segundo Bernardo este projeto não depende da aprovação da Câmara e disse que também é a favor da construção do centro em Itabira, mas discorda que seja no bairro São Marcos. Seguindo a linha de Torrinha, Bernardo também aconselhou que seja construído fora da zona urbana e sugeriu também próximo a cadeia. “Não podemos aceitar aqui no São Marcos esta construção. Aqui está o centro da cidade. Isto vai trazer prejuízos não apenas para o bairro, mas para toda a cidade. Não podemos aceitar e se vocês se mantiverem mobilizados ele não será construído. Comigo vocês podem contar, vou levar as discussões para a Câmara para que toda a cidade tome conhecimento.”
O vereador Rodrigo de Assis “Diguerê” (PV), mesmo partido de Damon, surpreendeu ao se posicionar também a favor da mobilização dos moradores contrária a construção do centro. Diguerê disse que já falou pessoalmente com o prefeito que é contra a construção naquele local e deixou transparecer que o prefeito esta decidido a seguir em frente com o seu propósito. Diguerê disse aos moradores que mora próximo ao campo do Grêmio e que não concorda em hipótese alguma com este projeto, garantiu aos moradores que apoia os seus movimentos e orientou a se manterem mobilizados. De acordo com ele, este projeto era para ter sido construído no bairro Fênix, próximo ao quartel e os moradores se mobilizaram e não aceitaram de forma alguma e ainda deu uma dica. “Eles resistiram até que a verba do Governo do Estado destinada a obra vencesse o prazo e fosse devolvida. Agora a maior parte dos recursos é do município, mas só vai ser construído aqui se os moradores aceitarem. Tem que haver resistência.”
Discursaram ainda, contrários a construção, a vereadora Marcela (PR), o vereador Sueliton (PROS) e o vereador Tãozinho Leite (PP). O único vereador que, entrelinhas, saiu em defesa do projeto foi Ilton Magalhães (PR). Ilton disse que não conhece o projeto, no entanto não poderia se posicionar contra. Ele disse que é a favor do diálogo e convidou os moradores a discutir com o prefeito para depois tomar posição, sugerindo que se houvesse uma boa conversa com o prefeito os moradores poderiam às vezes até concordar com a construção. A fala do vereador Ilton Magalhães provocou várias críticas de indignação. “Não temos que discutir isso com o prefeito. Nós não vamos aceitar isso aqui em nosso bairro e ponto. Que seja construído em qualquer outro lugar, menos aqui” disse um morador. Ilton Magalhães, percebendo a reação dos moradores pela sua fala tentou consertar, mas os moradores se mostraram indignados com o vereador, que não respondeu outra pergunta de um morador. “Vereador eu quero só que você diga se você nos apoia ou não.” Ilton Magalhães novamente se esquivou e não respondeu, deixando a entender que apoia a construção do complexo naquele local.
Já o vereador Ronaldo Capoeira (PV), que falou em nome do prefeito, disse: “Recebi uma ligação do prefeito agora. Estou falando em nome dele. Quero propor aos moradores criar uma comissão para conversar com o prefeito. Esta comissão são vocês que irão decidir, 5, 10, 15 pessoas para ir a prefeitura discutir este projeto com o prefeito.”
Um dos líderes do movimento que mediava o encontro, Glaydson Silva Souza Gomes “Índio”, ao ver que os moradores discordaram da proposta de Ronaldo Capoeira e questionaram por quê o prefeito não ia até o bairro conversar com os moradores, como fez quando estava pedindo voto, optou por colocar a proposta do vereador em votação. A criação da comissão proposta pelo vereador foi rejeitada. Os moradores exigiram que o prefeito fosse discutir com eles no bairro e ameaçaram ocupar o canteiro de obras caso Damon insista nesta ideia. Ronaldo Capoeira, depois de ter sua proposta rejeitada, argumentou: “Eu queria que vocês criassem a comissão para ir lá falar com o prefeito, eu não acredito que ele venha aqui. Vamos ver, ele está de férias” e um morador, indignado, disse que Damon já esta de férias há dois anos.
Medo
Os moradores dos bairros próximos ao Brazuca, onde Damon pretende construir o centro de ressocialização, temem que o local se transforme depois em um amontoado de presos e que atraia para o local outros criminosos, além do perigo de rebelião. Esses presídios, chamados de centros de ressocialização, metem medo na população devido ao histórico de fugas e rebeliões. Na prática eles não passam de um cadeião onde tudo acontece, menos a reeducação dos menores. A história desses centros mostra que nestes locais ficam presos infratores mesmo depois de completarem a maior idade e a população vive sob tensão dia e noite.
As constantes fugas nesses centros justificam a resistência da população a essa construção no Brazuca. Em uma eventual fuga, menores podem invadir casas, fazer reféns e daí todos sabem o que pode acontecer. Outra observação que precisa ser feita é que depois de construído, o centro será entregue ao Estado que tem a custódia dos presos e é notório que o Estado trata relaxadamente esse setor e não é raro rebeliões e fugas com reféns.
Outra questão que foi lembrada pelo vereador Bernardo Mucida é que dentre um dos direitos do preso está o da fuga e é o que tentam desde o momento que são detidos. Os moradores reclamam que o prefeito Damon quer construir esta unidade no local simplesmente por capricho, sem discutir com a população e questionaram onde esta o programa “Ouvir Você”. Eles alegam que o centro podia ser construído próximo a cadeia conforme sugeriu o vereador Geraldo Torrinha porque em caso de fuga o risco para a população é menor e o trabalho da polícia para a captura será mais fácil, já que os fugitivos terão mais dificuldade para se esconder.
Outra questão que é preciso ser discutida é que este centro de ressocialização não irá abrigar apenas os menores infratores de Itabira, podem vir de qualquer parte do estado. O governo normalmente remaneja menores de outros centros que estão superlotados e a população do bairro, caso seja construído, terá que conviver com este clima tenso que irá se instalar no bairro.
Um dos líderes do movimento convocou os moradores para resistirem até o final do mandato de Dr. Damon, que termina no próximo ano e acredita que outro que vencer as eleições não fará essa maldade com a população itabirana.
Para conhecimento dos moradores, estamos mostrando uma reportagem de uma rebelião que aconteceu em um centro de ressocialização, exatamente conforme pretende construir o prefeito Damon.
Comentários
Gente veja esse vídeo, olhe o que o Damon esta querendo para o nosso bairro. Vamos nos unir