Coluna

Vitória de Dilma era certa

Mesmo com os erros grotescos cometidos pelos institutos de pesquisa, não foi difícil prever o resultado das eleições. O comportamento do eleitorado dava para ser medido através de ações concretas implantadas durante os governos Lula e Dilma. Não eram poucos os que passavam fome neste país e só eles sabem o que é ver um filho pedir um pão e não poder dar. Pode a elite brasileira querer distorcer, mas contra fatos não há argumentos.

Do governo Lula para cá essa miséria foi jogada para trás. Há vagas de emprego em todos os setores. Não se vê mais pessoas com ferramentas nas mãos batendo de porta em porta pedindo um serviço, nem que seja em troca da alimentação, o que era constante. Por isso digo que contra fatos não há argumentos.

Também é sabido que fazer um curso superior, para muitos era sonho e hoje todos que querem podem estudar. O acesso às universidades não é mais privilégio apenas da elite. As faculdades estão cheias de pessoas que antes não podiam sequer comer. Então, com base apenas nestes dois fatores poderíamos garantir que a presidente Dilma seria reeleita, mesmo contra a vontade da grande mídia brasileira que, aliás, tem que repensar as suas linhas editoriais. A grande mídia esta mesmo descredibilizada e tem feito mais o papel de partidos políticos do que órgãos de informação.

Então, mesmo sem poder confiar no que diziam as pesquisas quando apontavam Dilma Rousseff a frente de Aécio Neves, poderia sim afirmar que Dilma seria reeleita com base nos indecisos. Os números apontavam ainda na sexta-feira para quase 40 milhões e estes seguramente iriam decidir as eleições em favor de Dilma. Os que tinham os seus interesses particulares para defender já haviam decidido e os chamados indecisos são os eleitores cautelosos, que realmente se preocupam com o país, que não decidem o voto movidos por fortes emoções nem sob propostas eleitoreiras. E a esses eleitores temos que render as nossas homenagens, pois são os verdadeiros brasileiros que dão o seu voto em favor do nosso país.

Outro colaborador de Dilma para essa decisão foi o próprio candidato Aécio Neves que partiu para o ataque e chegou a chamar a presidente Dilma de mentirosa e leviana, entre outras ofensas que o brasileiro não comunga. Não pode um candidato a Presidência da República usar palavras de baixo calão, desrespeitosas, ofensivas. O comportamento do candidato é seguramente o mais estudado pelo eleitor. Ninguém elege um líder pela sua valentia, pela coragem de ofender o seu opositor para defender os próprios interesses. Além do mais o apoio de Marina Silva não somou com Aécio, aliás, até atrapalhou. Foram vários debates em que o Aécio atacou a Marina com a mesma agressividade que atacava Dilma e da mesma forma Marina retribuía e tecia críticas pesadas contra o candidato e contra a sua administração no estado de Minas Gerais. Nos programas eleitorais de Aécio havia uma musica com o seguinte refrão: “A Marina é a Dilma com outra roupa.” Então quando o Aécio disse que a Dilma e a Marina eram a mesma, o eleitor de Marina iria claro optar pela Dilma caso a Marina não fosse para o segundo turno, como não foi.

É preciso que os candidatos estejam atentos à mudança de comportamento do eleitor que a cada ano esta mais consciente. Saibam que com a globalização qualquer evento que aconteça em qualquer parte do mundo chega ao Brasil na velocidade da luz e que o Brasil superou várias crises mundiais nos últimos 12 anos sem desemprego, sem desaquecimento da economia e sem interferência do FMI que opinava nas decisões do governo brasileiro como se dele fizesse parte.

E mesmo sob as tempestades mundiais o Brasil continuou crescendo, ainda que lentamente.

Geraldo Ribeiro (MG)

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Causos e Crônicas

Comentários


  • 27-10-2014 14:27:00 SANDRA MARIA LOPES

    EXECELENTE COMENTÁRIO ,DIZ A REALIDADE ,SIMPLES E SUCINTA ,COISA QUE ATÉ AGORA NÃO VI EM OUTROS ,PARABÉNS !

  • 26-10-2014 17:41:00 Vagner

    A sua tese é muito bonita vamos ver na prática. Prever o resultado dessas eleições com as pesquisas apontando empate técnico é muito difícil e esta também é a primeira vez que vejo um jornalista dizer que esses eleitores que não decidiram o voto não são indecisos, mas sim cautelosos