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Desde morte de Eliza, primo de Bruno apresenta ao menos sete versões

Veja as mudanças nos relatos de Jorge Luiz Rosa sobre o crime. Nesta sexta, buscas foram feitas em um terreno apontado por ele.

Jorge Luiz Rosa já apresentou diferentes relatos para a morte de Eliza Samudio (Foto: Pedro Ângelo/G1)
Jorge Luiz Rosa já apresentou diferentes relatos para a morte de Eliza Samudio (Foto: Pedro Ângelo/G1)

Antes de Jorge Luiz Rosa, primo do goleiro Bruno Fernandes, procurar a polícia para indicar um terreno onde supostamente o corpo de Eliza Samudio teria sido enterrado, o jovem já havia apresentado diferentes versões sobre o caso. Nesta sexta-feira (25), buscas foram feitas em um lote vago de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, mas os restos mortais não foram localizados. Desde a morte da ex-amante do atleta, ele apresentou ao menos sete relatos diferentes sobre o assassinato.

As versões se contradizem. Por vezes, ele acrescentou elementos, em outras, retomou relatos anteriores feitos a autoridades e chegou até mesmo a negar o que disse, alegando que teria sido pressionado pela polícia. Inicialmente, disse que o corpo teria sido esquartejado e jogado a cães, e os ossos concretados. Agora, quatro anos após a morte de Eliza, por querer dar o direito à mãe da jovem de enterrá-la dignamente, Rosa apresentou outra versão, com riqueza de detalhes. Mesmo depois de nada ter sido encontrado no novo local indicado pelo primo de Bruno, o advogado que acompanhou o rapaz em Minas diz que ele segue convicto desta última versão.

Na época do crime, Jorge Luiz Rosa era menor de idade. Por envolvimento na morte, ele cumpriu medida socioeducativa. Veja os diferentes relatos.

Corpo jogado a cães e ossos concretados
No depoimento dado à Polícia Civil do Rio Janeiro, logo após o início das apurações sobre o desaparecimento de Eliza Samudio, em julho de 2010, Jorge Luiz Rosa contou detalhes sobre a morte da ex-amante do primo. Ele afirmou que, junto com a jovem e Luiz Henrique Romão – o Macarrão – teria feito o trajeto entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Durante o percurso, ele disse que deu três coronhadas em Eliza.

Bruno, segundo esta versão, teria chegado de táxi ao sítio dele na Região Metropolitana da capital mineira, porque teria viajado de avião. Na ocasião, o jovem também relatou que o goleiro ficou na propriedade por duas horas e depois chamou um táxi para levá-lo até o aeroporto, pois queria voltar para o Rio no mesmo dia.

Jorge Luiz Rosa contou que, no dia seguinte, ele, Macarrão, Eliza e o filho dela entraram no carro de Bruno e seguiram rumo a Belo Horizonte. No veículo também estaria, segundo o jovem, Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno assassinado antes de ser julgado pelo crime.
Rosa contou que chegaram a um local que se parecia com um sítio e foram recebidos por um homem alto, negro, chamado Neném. O executor, como relatou Rosa, pegou Eliza, amarrou os braços dela com uma corda, deu uma gravata, e pediu para que todos deixassem o local. 

O homem a quem Rosa chamou de Neném teria passado carregando um saco. Ele disse que viu quando a mão de Eliza Samudio teria sido arremessada a cachorros rotweillers. Contou ainda que os ossos foram concretados no mesmo terreno em que ela foi morta.

Jorge diz que Bruno estava no sítio
Dias depois, o jovem prestou outro depoimento contradizendo parte das declarações que havia feito e complicando a situação do goleiro Bruno e de Macarrão. Na segunda versão, dada à Promotoria da Infância e da Juventude do Rio, Rosa contou que Macarrão disse que eles iriam pegar Eliza porque ela "estava dando muita aporrinhação para Bruno por causa do filho que dizia ter com o goleiro".

Diferentemente do relato inicial, ele disse que ficaram por dois dias na casa do primo na capital fluminense e que o atleta estava no sítio enquanto Eliza era mantida em cárcere privado. Em relação ao momento do crime, ele disse que Macarrão teria amarrado a mão de Eliza. Depois do assassinato, Romão teria ligado para o executor, que teria contado que o corpo foi jogado para os cães. Mas, como os animais não teriam comido toda a carne, parte dos restos mortais teriam sido concretados.

Jovem volta atrás e confirma ter visto que mão de Eliza foi jogada a cachorros
Já em Minas Gerais, ele prestou outro depoimento e retomou parte das declarações. Rosa disse que não participou da morte da jovem, mas que esteve no local da execução, apontado como a casa de Bola. O então menor teria ficado em um cômodo diferente de onde Eliza teria sido assassinada, mas ele disse que viu quando Bola arremessou a mão dela aos cães.

Primeiro depoimento é desmentido
No fim de julho de 2010, Jorge Luiz Rosa desmentiu o primeiro depoimento durante uma acareação entre ele o primo Sérgio Rosa Sales. Ele contou à polícia que esteve na casa de Bola havia dois anos com Macarrão e que tinha apontado o suposto local do crime porque estava sendo pressionado pela polícia. Relatou também que não assistiu ao assassinato. Segundo a defesa do rapaz, ele também negou que o corpo de Eliza tivesse sido esquartejado. Nesta ocasião, ele também mudou a versão em relação à participação de Sales no crime, dizendo que ele sequer esteve em Vespasiano.

Jorge muda versão de como conheceu Bola
Em outubro daquele ano, ele mudou mais uma vez o relato sobre a morte da ex-amante de Bruno. Rosa contou que inventou a história de que o corpo da jovem teria sido devorado por cães da raça rotweiller porque o pai cria cães e que teria apontado o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos – o Bola – como um dos suspeitos do crime porque já o conhecia e sabia que ele também criava cachorros. Ele continuou afirmando que teria sido pressionado pela polícia no primeiro depoimento.

Primo de Bruno mais uma vez volta atrás
No ano passado, em entrevista ao Fantástico, Rosa voltou atrás, mais uma vez, e disse que teria contado que os restos mortais de Eliza teriam sido jogados para cachorros porque Luiz Henrique Romão havia lhe contado. "Que o Macarrão me falou que tinha sido jogado, que tinha dado umas bicudas nela, antes dela morrer, antes de enforcar ela”, afirmou.

Corpo enterrado em lote vago
Nesta última quinta-feira (24), após uma entrevista com Rosa ser veiculada por uma rádio do Rio de Janeiro, o jovem contou uma versão em que o corpo teria sido enterrado em vez de esquartejado e jogado a cães.

"Ele [Jorge] esclareceu que a Eliza Samudio foi levada por ele e pelo Macarrão à casa do Bola, onde foi assassinada. O Bola teria dado uma gravata na Eliza, asfixiado ela até a morte e depois decepou uma das mãos da Eliza. E depois disso, segundo a versão dele, enrolou o corpo e a mão num lençol e depois colocou no interior de um saco de cadáver. (...) E depois foram para um lote vago, próximo à casa do Bola, onde já havia uma cova feita, um buraco profundo, aparentemente feito por uma retroescavadeira, segundo ele. E ali foi arremessado o saco contendo o corpo da Eliza. E, posteriormente, os três – o Jorge, o Macarrão e o Bola – teriam enterrado o corpo", relatou o delegado Wagner Pinto, responsável pelo depoimento do primo de Bruno Fernandes.

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