- Athaliba, ao contrário do que Aristóteles definiu há mais de dois mil anos, exatamente em 350 anos a.C, nós, animais racionais, distinguidos como humanos, temos uma penca de doze sentidos. Pois, a batelada de sentidos até então, como ensinada nas escolas, é de apenas cinco. Essa é a marca do conceito desenvolvido pelo filósofo da Grécia Antiga, que classificou como sentidos do corpo a visão, o olfato, o paladar, a audição e o tato.
- Marineth, quais os novos sentidos em nós, predadores e simples mortais?
- Athaliba, vá saber quantos são os sentidos que compõe o corpo humano, que faz parte do aparelho sensorial, responsável por enviar informações para o sistema nervoso central. Para a zoologista britânica Jackie Higgins - formada na Universidade de Oxford, ex-aluna do conceituado biólogo Richard Dawkins - os sentidos são 12. Mas, porém, ela própria diz que os sentidos podem ser mais de 30, como sustentam alguns cientistas. Temos muito a aprender sobre nós mesmos!
- Marineth, quais os sete novos sentidos do corpo humano se somam aos de Aristóteles?
- Athaliba, calma. Segura a onda. Dois deles - Desejo e Prazer e dor - me fascinam muito. O primeiro, assim, como o outro, tá escancarado na flor da pele dos nossos sentimentos. Ocê não acha? Prazer e dor, por exemplo, pode estar configurado no ato do defloramento da virgindade, no aspecto feminino. E, Desejo, sob o ângulo masculino, tá na manifestação de realização da sua vontade em satisfação. Em verdade, os desejos se aplicam em ambos os gêneros, sem distinção.
- Ocê, Marineth, não perde a chance de externar aforismo erótico. E os outros cinco novos sentidos quais são?
- Athaliba, sem mais delongas, os outros sentidos são: Cor, Equilíbrio, Tempo, Direção e Corpo/propriocepção. A zoologista Jackie Higgins - daqui d’O Folha de Minas envio pra ela a saudação de admiração - tornou público os novos sentidos ao publicar o livro Senciente - o que os animais revelam sobre nossos sentidos. Ela é roteirista e diretora de documentários sobre a natureza, produzidos e publicados por BBC, National Geographic e Discovery Channel.
- Sabe Marineth, devo confidenciar que, antes de ocê revelar o relevante trabalho científico da Higgins, agora, já no início de maio questionei um dos sentidos do corpo. Tá no poema Sentimento de amor, exposto abaixo. É dedicado à enfermeira Rosilene Sant Ana dos Santos, que me assistiu de cabo a rabo na cirurgia do acidente que sofri. Ela segurou minhas mãos indo à sala cirúrgica e, ainda, depois, até acabar o efeito da anestesia. Desde então me carrega no colo.
- Athaliba, que acontecimento inusitado, singular, excepcional. Ocê é um sujeito de sorte: flechado por cupido, numa situação de profunda enfermidade. Bem, a zoologista Higgins explica que “o desejo é regido pelos feromônios, substâncias químicas que os animais (estamos incluso) liberam para atrair possíveis parceiros”. Ocês, naquele contato fatal (quando Rosilene juntou tuas mãos à dela) explodiram feromônios. Como é o poema Sentimento de amor que dedicou a ela?
Ah! Poeta - a mim mesmo indago -, sem da dúvida a vantagem,
Qual o ponto extremo do sentimento que o amor nos arrebata?
Será efeito da explosão - no horizonte, ofuscada na miragem -,
Das trevas em profusão, germinando luz em espiral acrobata?
Creio, não vem configurado, tampouco tem ilustre embalagem,
Arremessado a destinatário instituído, com aviso e prévia data.
Está fora da órbita que a imaginação possa revelar mensagem,
E contemplar desejos nossos em sinal expresso de concordata.
Busco e nem encontro explicação no campo da teoria quântica.
Sequer, também, nenhum paralelo nos conceitos da semântica.
É algo, quiçá, inserido nas teias da criação do universo, perene!
Retorno às profundezas de delírios sentidos em grave acidente;
Quero entender o enigma do contato corpo/alma, transcendente,
Auferido das mãos afáveis e da energia trocada com Rosilene.
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