A outra vítima morta a tiro por PMs na Cidade de Deus, que viajava na garupa da moto de Edvaldo Viana, também assassinado, é Jonathan Muniz Pereira, de 23 anos. Ele foi reconhecido por familiares, através de mensagens que circularam nas redes sociais sobre o caso e, depois, no necrotério do Instituto Médico Legal - IML -, identificado pela mãe, Lorena Muniz. Contou que ele trabalhava junto com ela com material reciclado e que nunca teve envolvimento com traficantes.
O assassinato de Edvaldo e Jonathan, no dia 18/5, debaixo do viaduto que dá acesso à Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi praticado por PMs do 18º BPM, segundo testemunhas. Moradores da comunidade que presenciaram o crime disseram à Polícia Civil que o mototaxista Edvaldo parou a moto quando abordado pelos policiais militares e mesmo assim “eles atiraram”. Os policiais militares alegaram que atiraram para revidar tentativa do motociclista em sacar uma arma. No entanto, nenhuma arma foi apreendida no local.
A alegação dos PMs de que a arma fora levada (surrupiada) por usuários de crack deixou familiares de Edvaldo revoltados. O enteado do motociclista, Paulo Henrique dos Santos, de 29 anos, disse que “Isso é uma mentira deslavada, pois meu padrasto nunca teve arma. As únicas armas dele eram essas ferramentas”, e exibiu caixa com kit de ferramentas. Também a mãe dele, Miriam dos Santos, 49 anos - ela revelou que tinha casamento marcado com o motociclista para setembro -, contou que “Edvaldo era muito trabalhador e além de mototaxista fazia entregas de quentinhas”. No velório exibiu a cápsula do projétil de fuzil que teria atingido o mototaxista.
O enterro de Edvaldo, no Cemitério do Caju, foi marcado por protesto, com cartazes tendo as frases Justiça para Edvaldo e Jonathan e Somos negros, honestos, e vidas importam sim.
A direção da Polícia Civil informou que os PMs já prestaram depoimento e tiveram um fuzil apreendido para exame de balística, mas que poderão ser ouvidos de novo antes da conclusão do inquérito que tramita na Delegacia de Homicídios. Paralelo à investigação, a Corregedoria da Polícia Militar abriu sindicância interna na corporação para apurar a conduta dos envolvidos.
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