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Morte de neto de Lula também virou 'piada' entre procuradores da Lava Jato

Morte de Arthur, de 7 anos, foi confirmada no dia 1 de março deste ano. (Foto: Reprodução/Facebook)

Procuradores integrantes da força tarefa da Lava Jato ironizaram a morte de Arthur Araújo Lula da Silva, de 7 anos, neto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo indicam as mensagens vazadas.

A nova leva da Vaza Jato, trazida à tona nesta terça-feira (27) pelo portal UOL em parceria com o site The Intercept Brasil, também indicou que a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia foi alvo de zombarias de procuradores do MPF (Ministério Público Federal).

A notícia da morte de Arthur - a princípio apontada como ‘meningite meningocócica’ - foi compartilhada no dia 1º de março no grupo Filhos de Januário 4. Posteriormente, a causa da morte foi apontada como uma infecção generalizada originada pela bactéria Staphylococcus aureus.

“Preparem para nova novela ida ao velório”, escreveu a procuradora Jerusa Viecili. “Putz...no meio do carnaval”, respondeu o procurador Athayde Ribeiro Costa.

Em seguida, o chefe dos procuradores de Curitiba, Deltan Dallagnol, relembrou a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli que só autorizou a ida de Lula ao enterro do irmão, Genival Inácio da Silva, quando este já estava sendo sepultado.

“Tem q fazer igual o Toffoli deu", diz Deltan. A opinião de Deltan é corroborada pelo procurador Orlando Martello: “Eu disse: amanhã morre o filho e vamos ter mais problemas. O neto é mesmo que filho. Tb acho que, já que tem a decisão do Toffoli como parâmetro, tem que ir nessa esteira”, afirma Martello.

A autorização judicial para que Lula fosse ao enterro do neto foi concedida pelo ministro Gilmar Mendes no dia seguinte, dia 2 de março, e compartilhada por Deltan no grupo Filho de Januários 4.

No mesmo chat, o chefe dos procuradores também encaminhou uma notícia sobre um contato telefônico feito entre Lula e o ministro, no qual o ex-presidente teria se emocionado.

“Estratégia para se 'humanizar', como se isso fosse possível no caso dele rsrs", comentou procurador Roberson Pozzobon. “Não. Estratégia para ampliar base na esquerda que é sua aliada desde a execução provisória. Ele pensa no Senado”, respondeu Deltan. “GM não dá ponto sem nó”, rebateu Jerusa, em referência ao ministro Gilmar Mendes.

Em outro grupo, intitulado Winter is Coming, a procuradora Monique Cheker, que atua no Rio, comentou a fala de Lula durante a despedida do neto.

“Fez discurso político (travestido de despedida) em pleno enterro do neto, gastos públicos altíssimos para o translado, reclamação do policial que fez a escolta... vão vendo”, diz Monique Cheker.

Morte de Marisa

Integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, também ironizaram a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia. Segundo os diálogos revelados, a notícia da morte de Marisa - que sofreu um AVC hemorrágico no dia 24 de janeiro de 2017 - foi compartilhada em um chat nomeado de Filhos do Januário 1.

As mensagens indicam que na noite do mesmo dia em que a ex-primeira-dama foi internada, no Hospital Sírio Libanês, o assunto foi trazido por Deltan Dallagnol, chefe dos procuradores do MPF (Ministério Público Federal) da Lava Jato de Curitiba.

“Um amigo de um amigo de uma prima disse que Marisa chegou ao atendimento sem resposta, como um vegetal”, teria escrito Deltan. “Estão eliminando as testemunhas...”, sugeriu Januário Paludo, segundo as mensagens,.

A confirmação da morte encefálica de Marisa só foi confirmada em 3 de fevereiro. Um dia antes, a procuradora Laura Tessler deu a entender em uma mensagem que Lula faria uso político da perda da mulher.

“Quem for fazer a próxima audiência do Lula, é bom que vá com uma dose extra de paciência para a sessão de vitimização”, escreveu a procuradora em resposta a uma notícia confirmando o falecimento da ex-primeira-dama.

Outro comentário ironizando o falecimento de Marisa foi feito pela procuradora Jerusa Viecili, no dia 3 de fevereiro.

“Querem que eu fique pro enterro”, comentou Jerusa, com um emoji de ‘sorriso amarelo’.

Um dia após, no dia 4 de fevereiro, Laura Tessler disparou contra uma matéria da jornalista Monica Bergamo. Em sua coluna no jornal Folha de São Paulo, Bergamo relatou a agonia vivida por Marisa durante os episódios da Lava Jato, como a condução coercitiva de Lula.

No comentário, Tessler refutou a possibilidade de agravamento do quadro de saúde de Marisa estar relacionado com os fatos, e ainda sugeriu uma possível ligação com um caso extraconjugal do ex-presidente.

“Ridículo… Uma carne mais salgada já seria suficiente para subir a pressão… ou a descoberta de um dos milhares de humilhantes pulos de cerca do Lula”, afirmou Tessler.

No mesmo chat, o procurador Januário Paludo colocou sob suspeita as circunstâncias da morte de Marisa.

“A propósito, sempre tive uma pulga atrás da orelha com esse aneurisma. Não me cheirou bem. E a segunda morte em sequência”, diz ele, sem especificar à qual outra morte se referia.

Em 4 de fevereiro, o corpo de Marisa Letícia foi velado em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Durante a cerimônia, Lula faz uma fala na qual diz que “eles que têm que provar que as mentiras que estão contando são verdade. Então, Marisa, descanse em paz porque esse Lulinha paz e amor vai continuar brigando muito”.

A fala foi compartilhada por Tessler no grupo Filhos do Januário 1, no mesmo dia. Em resposta, Deltan define a manifestação de Lula como “uma bobagem”.

"Bobagem total... nguém mais dá ouvidos a esse cara", diz Deltan.

Logo abaixo nas mensagens. o procurador Antônio Carlos Welter volta a citar um suposto caso extraconjugal de Lula e diz que a morte de Marisa criou “uma martir petista”.

“...Ele se queima sozinho se continuar falando dessa forma Tenho esperanças que a imprensa cai de pau nele, pois fica visível o uso da morte dela para esconder todos os crimes dele. A morte da Marisa fez uma martir [sic] petista e ainda liberou ele pra gandaia sem culpa ou consequência politica”.

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