O volante Adilson anunciou na tarde desta sexta-feira (12), a sua aposentadoria do futebol aos 32 anos. Em entrevista coletiva, o jogador confirmou a aposentadoria precoce devido à descoberta de problemas cardíacos.
Adilson foi diagnosticado com cardiomiopatia hipertrófica, a mesma doença que matou o zagueiro Serginho, do São Caetano, durante jogo contra o São Paulo, em 27 de outubro de 2004.
O cardiologista do clube, Haroldo Aleixo, que também estava presente na coletiva, explicou como foi descoberta a doença do jogador.
“O atleta passa por algumas avaliações protocolares estabelecidas na literatura internacional. Isso foi feito desde o início, porém o Adilson tinha algumas características específicas que nos faziam ter um cuidado especial em monitorá-lo. Essas baterias de exames são refeitas periodicamente, conforme determinado pela literatura médica da cardiologia do esporte. Dentro dessas várias baterias de exames, em todas elas, menos na última, o que se constatou é que ele estava perfeitamente apto para a prática do futebol, sem riscos. Nessa última avaliação, identificamos a cardiomiopatia hipertrófica, que o impede de seguir jogando com segurança.”
Em um pronunciamento emocionado o jogador agradeceu o apoio dos companheiros de clube e familiares e afirmou que seguirá trabalhando no Atlético.
“Eu não preparei nada em especial, eu vim aqui só agradecer por todo o apoio, todo o suporte do departamento médico do Atlético, diretoria e presidente, que não estava no Brasil, mas fez questão de me ligar e me dar todo o apoio. Agradecer à rapaziada que está aqui (os jogadores acompanharam a coletiva de perto), todos que estão aqui. É isso que me fortalece. Já que estou nessa condição, é isso que eu gostaria de receber, então eu realmente agradeço a todos vocês por tudo que vocês têm feito, não só por esse momento, por tudo que passamos nos últimos anos. A relação comigo foi sempre de muito respeito e muito apoio, inclusive do clube, no momento da minha chegada, da minha renovação ano passado, quando escolhi permanecer no Atlético, de coração. Tenho recebido uma série de mensagens nas últimas horas. Não pude ainda responder ninguém, esperei o pronunciamento oficial. Eu queria dizer, antes de tudo, que estou bem. Queria tranquilizar a todos. Estou bem, não tive nenhuma reação física nesse processo todo. Sempre estive muito bem, vinha treinando, me preparando pro clássico. A vida vai seguir, eu vou seguir aqui no dia a dia do clube, o clube já tem manifestado o interesse que eu permaneça aqui no dia a dia, colaborando da melhor maneira possível. Só tenho a agradecer, até então aqui tem sido tudo maravilhoso na minha vida pessoal e esportiva. Minha filha vai nascer dia 22. Tenho muitos motivos pra seguir, pra ser feliz. Então eu queria só fazer um pedido a todos vocês, principalmente da imprensa, que respeitassem esse momento que eu estou vivendo e tivessem todo o cuidado no momento de tratar dessa situação. Eu achei que ia ser mais fácil, que eu ia chegar aqui e ia ser mais fácil falar alguma coisa. Sei que minha família está sofrendo, todos estão sofrendo. Realmente peço que respeitem todo esse processo, como têm me respeitado até então, agradeço todo esse respeito que tiveram por mim. A vida vai seguir, com minha filha chegando, vou estar aqui junto dessa rapaziada, que tenho como irmãos. Acredito muito neles, eles ainda são a última chance que eu tenho de ganhar um troféu grande. Ainda tenho essa chance, acredito muito neles. Vou estar aqui nesse processo, ganhando ou perdendo, vou estar junto deles. A todos vocês, muito obrigado por tudo.”
Adilson chegou ao Atlético-MG em 2017, vindo do Terek Grozny, da Rússia. Com a camisa alvinegra, o volante disputou 99 partidas e marcou dois gols.
O que é a Cardiomiopatia hipertrófica?
Cardiomiopatia hipertrófica ou miocardiopatia hipertrófica é uma doença do músculo cardíaco na qual uma porção do miocárdio (músculo do coração) está hipertrofiada (mais grosso) sem nenhuma causa óbvia, criando uma deficiência funcional do músculo cardíaco, o que pode causar arritmia ventriculares em jovens atletas, podendo causar desmaios, infarto do miocárdio e morte súbita.
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