Saúde

Minas Gerais realizou mais de 2 mil transplantes de órgãos em 2015

Transporte aéreo viabilizou a chegada rápida de órgãos e tecidos aos receptores. Aeronaves do Gabinete Militar executaram 31 missões em diversas cidades

Ano novo, vida nova! O tradicional jargão tem significado especial para o estudante Daniel Nascimento, que recebeu um rim novo no final de dezembro e teve alta esta semana do Hospital das Clínicas de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. “Foi presente de Natal, de ano novo e de aniversário”, comemora o estudante, que completou 20 anos no dia 1º de dezembro de 2015.

Este mineiro de Paracatu, Noroeste do estado, portador de insuficiência renal crônica, aguardava pelo transplante há mais de dois anos. Nesse período fez sessões de hemodiálise, três vezes por semana, no hospital da cidade onde mora.

“Agora é liberdade, porque a hemodiálise limitava a minha vida, não dava para viajar nem para frequentar a escola regularmente”, conta Daniel, que faz planos de continuar os estudos, fazer faculdade e trabalhar.

Balanço

Daniel Nascimento está na lista dos 2.144 pacientes de Minas Gerais que tiveram a oportunidade de realizar transplante de órgão ou tecido em 2015. Segundo dados do MG Transplantes, o número sofreu ligeira queda, em relação a 2014, quando 2.330 pessoas foram submetidas ao procedimento.

Os transplantes de córnea lideraram a lista dos procedimentos feitos no ano passado, beneficiando 1.267 pessoas que estavam com problemas como ceratocone (doença que causa deformação da córnea), perfuração do globo ocular ou úlcera de córnea sem resposta ao tratamento clínico.

Já número de pacientes que receberam um rim novo foi de 544. Em seguida estão os transplantes de medula óssea (109), fígado (86), escleras, um tecido ocular (85), coração (37) e pâncreas/rim (16).

Doadores

O diretor do MG Transplantes, médico Omar Lopes Cançado, diz que a leve redução da quantidade de transplantes se deve à diminuição da taxa de doadores. “Ainda é frequente a recusa das famílias por desconhecimento do que é morte encefálica, medo de mutilação do corpo e impedimento por questões religiosas”, conta.

Hoje, Minas Gerais possui cerca de 3 mil pessoas aguardando por um transplante. Para atender a essa demanda, Cançado trabalha com a perspectiva de aumentar de 12 para 13 a taxa de doadores para cada um milhão de pessoas, em 2016. Para isso, o MG Transplantes pretende intensificar as campanhas de conscientização e de esclarecimento da população.

De acordo com Omar Cançado, outras medidas também serão tomadas para melhorar a logística de captação de órgãos em todo estado. O médico adiantou que entre as ações estão o mapeamento dos hospitais com maior potencial de doação e o treinamento dos seus profissionais para a abordagem das famílias e notificação de possíveis doadores.

Logística aérea

Minas Gerais é um estado pioneiro no transporte aéreo de órgãos e tecidos. Essa logística tem viabilizado o transporte rápido e adequado de doações feitas em várias regiões.

Na maioria das vezes, os órgãos são transportados pelas aeronaves do Gabinete Militar do Governador que, em 2015, executaram 31 missões de atendimento ao MG Transplantes. Os deslocamentos foram feitos de helicópteros, aviões a jato e turboélice, totalizando 74 trechos de viagens para diversas cidades mineiras.

“Nossa missão é fazer o transporte aéreo das equipes médicas especializadas no transplante de órgãos e tecidos, desde o local onde foram retirados até a unidade de saúde onde se encontra o eventual receptor”, explica o diretor de Transportes Aéreos do Gabinete Militar, major Henrique Chaves Aleixo.

O major observa que além das aeronaves operadas pelo Gabinete Militar do Governador, também cooperam no transporte aéreo de órgãos e tecidos as aeronaves do Batalhão de Rádio Patrulhamento Aéreo (Btl RPAer), da Polícia Militar, e do Batalhão de Operações Aéreas (BOA), do Corpo de Bombeiros Militar. “Esse trabalho é feito com o compromisso e a satisfação de salvar vidas humanas”, afirma Aleixo.

Como se tornar um doador

Para ser um doador basta que a pessoa comunique sua vontade aos familiares, para que eles possam atender ao seu desejo e procedam a doação dos órgãos. Não é mais necessário deixar por escrito ou registrado em documento de identificação.

O MG Transplantes, responsável pela coordenação da política de transplante de órgãos e tecidos no estado, é vinculado à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). O estado conta com seis centrais do MG Transplantes: Uberlândia, Juiz de Fora, Montes Claros, Governador Valadares, Pouso Alegre e Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Critérios para o transplante

Além da compatibilidade sanguínea do doador e do paciente, cada órgão exige critérios específicos para definição de quem será transplantado primeiro. Para o coração, por exemplo, são priorizados o tempo de inscrição e a proporção do tamanho entre doador e receptor.

Dúvidas e mais informações, no telefone do MG Transplantes: 08002837183

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