O presidente francês, François Hollande, condecorou hoje (24) com a Legião de Honra três passageiros norte-americanos e um britânico do comboio entre Amesterdã e Paris que, na sexta-feira (21), evitaram um atentado.
"Na sexta-feira à noite, um indivíduo tinha decidido cometer um atentado no Thalys [nome do comboio de alta velocidade que liga Amesterdã e Paris]. Ele tinha armas suficientes e munição para causar uma verdadeira carnificina. Era o que ele teria feito, se não o tivessem impedido, correndo todos os riscos, incluindo a própria vida", declarou François Hollande, durante a cerimônia de condecoração, no Palácio do Eliseu.
"Como testemunho do nosso reconhecimento, atribuo excepcionalmente a vocês a Legião de Honra, a mais alta distinção do Estado francês", afirmou o presidente ao entregar as medalhas.
A cerimônia ocorreu no terceiro dia da prisão preventiva do marroquino Ayub El Khazzani, que disse que não pretendia cometer qualquer ato terrorista.
Os investigadores das brigadas antiterroristas francesas continuam a interrogar o homem, de 25 anos, com o apoio dos serviços de informações de Espanha, França, Alemanha e Bélgica.
Khazzani negou qualquer ato terrorista e afirmou que pretendia roubar os passageiros do Thalys. Essa versão é questionada pelos investigadores e pelos passageiros norte-americanos. A prisão preventiva pode ser mantida até amanhã (5) à noite.
Os norte-americanos Spencer Stone, de 23 anos, Alek Skarlatos, de 22 - dois militares em férias - e o amigo Anthony Sadler, de 23, e o britânico Chris Norman, de 62, estão sendo considerados heróis.
A entrega da condecoração ocorreu na presença dos primeiros-ministros Charles Michel, da Bélgica, e Manuel Valls, da França, e de vários ministros do governo socialista, incluindo o do Interior, Bernard Cazaneuve. Representantes da polícia e dos serviços de socorro médico também assistiram à cerimônia.
O chefe de Estado francês homenageou a "coragem e o sangue-frio" dos quatro homens, que "encarnam o bem da humanidade perante o mal que é o terrorismo".
O passageiro francês que tentou, desde o início, neutralizar o suspeito - um homem de 28 anos que trabalha para um banco francês em Amesterdã e que quer manter o anonimato - e um franco-norte-americano Mark Moogalian, de 51 anos, ferido a tiro durante o ataque, serão condecorados posteriormente. Moogalian continua hospitalizado em Lille (no Norte de França).
De acordo com o inquérito, o atacante entrou no comboio de alta velocidade, "na Bélgica, com armas, sem dúvida adquiridas na Bélgica, e tinha identificação obtida na Espanha".
Ele viveu sete anos na Espanha, entre 2007 e 2014, onde era conhecido por defender a jihad (guerra santa). De acordo com os serviços espanhóis de informação, o marroquino viajou da França para a Síria, o que ele negou.
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