As vendas do setor de supermercados caíram 4,72% em valores reais em junho na comparação com maio e 3,04% na comparação com junho do ano passado. No acumulado do ano, não houve variação nas vendas, de acordo com o Índice Nacional de Vendas da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), divulgado hoje (28), na capital paulista.
A cesta de 35 produtos de largo uso, analisada pela entidade registrou elevação de 1,19% com o preço passando de R$ 406,20 em maio para R$ 411,03 junho. Os itens que apresentaram maiores elevações nos preços foram cebola (16,72%), batata (8,99%), sabão em pó (4,42%) e xampu (4,12%). No sentido contrário, estão relacionados tomate (-12,79%), biscoito cream cracker (-4,44%), massa sêmola espaguete (-1,47%) e desinfetante (-0,98%).
Todas as regiões tiveram alta na cesta, com a Norte liderando a lista (2,54%) atingindo o valor de R$ 463,35, seguida da Nordeste (1,91%), chegando a R$ 352,54, Sul (0,96%) e valor de R$ 448,70, Sudeste (0,44%), totalizando R$ 392,91 e Centro Oeste (013%), valendo R$ 390,12.
Segundo o vice-presidente da Abras, João Sanzovo, o resultado é reflexo do cenário de crise politica e econômica que gera falta de confiança do consumidor, além do aumento do desemprego, diminuição da massa salarial e da inflação em alta que causa perda do poder aquisitivo. “Temos um cenário complicado dentro do qual podemos dizer que o setor está bem posicionado na comparação com outros setores”.
Na análise de Sanzovo, o setor está conseguindo manter alguma estabilidade, porque o consumidor está mudando alguns hábitos, como deixar de comer fora de casa. “Isso implica em comprar mais nos supermercado, para abastecer a dispensa. Ao mesmo tempo em que restringe compras de outros bens, passa a comprar mais no supermercado para se satisfazer. Tem ainda uma tentativa muito forte do setor na busca de mais ofertas que criem clima positivo dentro das lojas, gere uma disposição maior para o consumo e segure os preços”.
A expectativa é a de que o setor apresente leve recuperação no segundo semestre, em função das festas de final de ano. “Queremos que as vendas sejam pelo menos iguais, se possível superiores às do segundo semestre do ano passado. O que nos dá essa esperança é que, em momentos de crise, o consumidor se retrai e deixa de comprar outras coisas, e mantém o consumo de produtos básicos”.
Sanzovo ressaltou que se essa mudança de comportamento se confirmar, não haverá demissões no setor e a sazonalidade levará as lojas a contratarem mais funcionários para o período do final do ano. Além disso, todos os investimentos previstos pelos lojistas estão mantidos para este ano. “As marcas próprias também ganham força e o consumidor vai mudando de degraus conforme seu orçamento. Mas não são todos os supermercados que oferecem. Onde não achar marcas próprias o consumidor vai descendo a escada do preço médio até o preço baixo”.
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