A queda da atividade econômica, piora do desemprego e pressão inflacionária em razão do reajuste de preços administrados – tarifas de serviços públicos – são custos do ajuste fiscal promovido pelo governo federal, cujos benefícios só deverão ser sentidos no médio e longo prazos. A avaliação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na Carta de Conjuntura número 27, divulgada hoje (23) no Rio de Janeiro.
“Os benefícios do ajuste demoram a aparecer. Não existe uma regra. Não sabemos dizer quanto tempo exatamente demora”, disse o coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura do Ipea, Fernando Ribeiro.
A incerteza em relação ao tempo necessário para que os benefícios do ajuste sejam sentidos pela sociedade levou os economistas desse grupo de estudos a avaliar que o Brasil passa pelo momento mais difícil do processo de ajuste, “porque os custos estão aparecendo claramente, mas os benefícios ainda não são visíveis”.
Para Fernando Ribeiro, 2015 será um ano de retração da atividade econômica. “Ainda que se tenha alguma recuperação no segundo semestre, dada a queda que [a economia] sofreu até agora, é provável que o ano termine com retração”. As projeções do boletim Focus do Banco Central indicam queda entre 1% e 2% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas pelo país) neste ano.
“Vai ser um ano de retração da atividade e um ano de mais inflação e aumento do desemprego”, disse Ribeiro. O quadro desenhado é basicamente esse, ainda que ocorra alguma melhora mais para o final do ano, salientou o coordenador do grupo de estudos do Ipea. Queda da atividade significa redução no investimento e consumo em queda, com alguma retração dos gastos do governo, devido ao ajuste fiscal.
As exceções no processo de retração econômica serão os setores agropecuário e extrativo mineral, este relacionado ao petróleo, que estarão em trajetória de crescimento ao longo do ano, avalia o Ipea. Segundo Fernando Ribeiro, os resultados do ajuste da inflação, por exemplo, só vão começar a aparecer em 2016.
Ele explicou que, por causa do impacto dos preços administrados, a inflação deste ano será maior do que a de 2014. “No ano que vem, a expectativa é que a inflação caia. O Banco Central está trabalhando para que ela caia o mais próximo possível da meta de 4,5%. Mas este ano, não tem muito jeito.”
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