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Cowan admite que usou concreto vencido em obras do Guararapes

Porém, construtora alega que o material estava apto para uso no viaduto. Consol afirma que ele foi aplicado no pilar que rompeu a estrutura

Queda do viaduto matou duas pessoas e feriu outras 23 (Foto: Reprodução/TV Globo)
Queda do viaduto matou duas pessoas e feriu outras 23 (Foto: Reprodução/TV Globo)

O diretor da construtora Cowan, responsável pelas obras do Viaduto dos Guararapes na Região Norte de Belo Horizonte, que entrou em colapso no dia 3 de julho, José Paulo Toller Motta, admitiu em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (26), que a empresa utilizou concreto vencido nas obras da estrutura.

Porém, segundo ele, o material ainda apresentava boas condições de uso. "Realmente o concreto tinha passado do horário especificado em um item da norma. Mas a norma permite, através de uma avaliação visual, utilizar o concreto, condicionado que, nos ensaios, ele dê a resistência obrigatória no projeto. Não posso concordar que isso foi motivo da queda do tabuleiro (parte de cima do viaduto)", disse o diretor que está entre os 19 indiciados pela tragédia. Todos vão responder por dois homicídios com dolo eventual, 23 tentativas de homicídio com dolo eventual e crime de desabamento com dolo eventual.

Já o também indiciado Maurício de Lana, diretor-presidente da Consol, empresa que fez o projeto do viaduto, disse que se surpreendeu ao saber do uso de concreto vencido no pilar P3, que acabou cedendo quase sete metros, provocando a queda de parte da estrutura.

"Para surpresa nossa, fomos inclusive consultados para dar uma opinião técnica sobre o tema, existe uma ficha de um diário de obra com utilização do concreto vencido, justamente entre o pilar P3 e P4, que rompeu a estrutura na seção S 16 A. O que que é um concreto vencido? Ao misturar brita, areia e cimento com água, nós temos um prazo de 90 a 150 minutos para aplicar esse concreto. Ele foi aplicado com o tempo maior que recomenda as normas", afirmou o diretor. Lana disse ainda que se trata de um problema construtivo.

Cálculos da obra
Segundo o diretor do Instituto de Criminalística da Polícia Civil, Marco Paiva, o projeto da Consol foi executado pela Cowan “rigorosamente” como previsto. Entretanto, o erro “seria facilmente perceptível por uma análise técnica da memória de cálculo”. Conforme o diretor do Instituto de Criminalística, a Sudecap e a Cowan tinham a obrigação de ter feito esta revisão do projeto.

Porém, o diretor da Cowan, José Paulo Toller Motta, disse que não houve nenhum pedido da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) ou da Sudecap para verificação dos cálculos da obra. De acordo com ele, a licitação não obriga a construtora a refazer os números. Ainda segundo Toller, houve apenas uma "análise crítica dos desenhos" do projeto.

Toller e Lana participaram de audiência na Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da ALMG. A Prefeitura de Belo Horizonte e a Superintedência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) foram convidadas, mas não enviaram nenhum representante.

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