A crescente onda de violência no município de Itabira está obrigando o itabirano a mudar seus costumes. A cidade que até pouco tempo era tranquila está hoje entre as mais violentas do Estado. A criminalidade esta tomando conta, assaltos acontecem todos os dias por todos os lados em plena luz do dia. Há vários comerciantes que depois de clamarem por socorro sem serem ouvidos, fecharam seus comércios por não suportarem mais serem assaltados. Comerciários estão abandonando a profissão temendo a violência.
Nesta terça-feira (3) foi a vez da Escola Estadual Trajano Prócopio Alvarenga Silva Monteiro (Premen), uma das mais bem conceituadas da cidade, clamar por socorro. A diretora da instituição, Marlucy Faria, acompanhada da coordenadora de projetos, Rosimeire Gonçalves e do professor de Educação Física, Eduardo Lage, lotaram o plenário de estudantes para clamar por segurança. A diretora da escola, visivelmente emocionada, disse na tribuna que a violência chegou às escolas e que no Premen o pavor é total, alunos estão sendo assaltados na saída da escola quase todos os dias e lamentou: “O que me entristece muito é ver o pavor no rosto de nossas crianças e adolescentes ao sair da escola e o pior é que há menores assaltando que a gente também conhece desde criança.”
Marlucy pediu apoio aos vereadores para que possa trabalhar com segurança e garantiu que o que cabe ser feito dentro da escola está sendo feito com muito amor, com muita dedicação. Ela lembrou que a escola tem vários projetos para uma boa formação do aluno, mas que do lado de fora não tem nenhum controle e questionou: “Será que vão esperar morrer um aluno ao sair da aula para depois tomarem providências?” Marlucy terminou por questionar o sistema educacional do município, quando o vereador Bernardo Mucida falou da necessidade de construir o Centro de Ressocialização de Menores. Marlucy questionou o vereador: “Bernardo você acredita que a prisão resolve o problema?” E disparou: “Nós precisamos de ter boas escolas, um ensino de qualidade no município, opção para os jovens.” E perguntou: “O que tem para o jovem fazer dentro de Itabira, a não ser ir para os barzinhos? Itabira é carente de lazer e a juventude precisa disso. Não há opção para a juventude, precisamos investir na educação, cultura, esporte e lazer para dar opção a esses jovens.” O pedido de socorro da diretora foi apoiado pelos estudantes que a toda hora manifestavam com salvas de palmas.
A questão da segurança em Itabira, e em especial a das escolas, não pode esperar pela ação do Estado, embora seja ele o responsável direto pela segurança, mas é preciso lembrar que o cidadão vive no município e os representantes próximos do cidadão são o prefeito e os vereadores. Se tentarem empurrar a responsabilidade para o Estado o que pode fazer o cidadão que não tem poder de mobilização, não tem mandato nem força política para cobrar dos governadores? Esta é uma responsabilidade que se não for assumida agora por eles, terá que ser cobrada nas urnas pelos eleitores.
A verdade é que a segurança tem servido de palanque eleitoral para prefeitos e vereadores. A questão da segurança em nossa cidade tem que ser tratada com urgência. É preciso um esforço conjunto fora do campo dos discursos para buscar soluções e para isto tem que haver empenho de governadores, deputados, prefeitos e vereadores, esquecer as divergências políticas e assumir responsabilidades, acabando com esse jogo de empurra até chegar novas eleições. O município pode e deve participar deste debate. O prefeito é o líder maior do município e pode convidar o Governador em Itabira, o Secretário de Estado de Defesa Social, convidar os cidadãos para o debate e começar cada um a fazer a sua parte. Não basta oferecer para a corporação carros, motos, gasolina se não houver uma ação coordenada para o combate ao crime.
Leis existem, o que falta é ação. Agora, transferir responsabilidade é fácil, difícil é acalentar uma mãe que perde o seu filho para a violência.
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