As comemorações pelo decurso de vinte e cinco anos estão mais comumente ligadas a datas festivas: casamento, fundação de instituições beneméritas, episódios históricos, promulgação de leis.
Mas também relembramos 25 anos da morte de alguém. Nesta hipótese a celebração é de luto. E é motivo de revolta quando, passados vinte e cinco anos de um assassinato, os autores do crime não tenham sido julgados.
O Padre Gabriel Maire foi morto na véspera do Natal, em 1989, há vinte e cinco anos portanto.
O júri deveria ocorrer, com indesculpável atraso, há alguns dias, no fórum de Vila Velha, mas foi adiado. Compareceriam para o julgamento apenas os executores da empreitada porque só esses foram pronunciados. Os mandantes ainda não foram apanhados. Permanece ecoando, inclusive fora do Brasil, o grito por Justiça, reclamado por diversos grupos e organizações humanitárias.
O inquérito policial, instaurado na época, concluiu que o Padre foi vítima de um assalto. Os que mataram o sacerdote deixaram no seu pulso um relógio que lhe foi dado de presente por amigos franceses. Quem mata para roubar (latrocínio) deixa no pulso da vítima um relógio valioso, tão fácil de ser retirado do braço, como aconteceu no caso Gabriel Maire? Responda o senso comum, não é preciso que compareça nesta hipótese a sabedoria do criminalista, a argúcia do policial, um Sherlock Holmes que, na ficção de Arthur Conan Doyle, desvendava crimes aparentemente insolúveis.
Em cinco de novembro último comemoramos o Dia Nacional da Cultura e da Ciência, que é também o Dia do Cinema Brasileiro. Merecem homenagem todos que promovem a Cultura, que fazem a Ciência avançar e também aqueles que democratizam a arte através do Cinema, que é franqueado a ricos e pobres. Milhões de brasileiros que nunca entraram numa galeria de arte assistiram a filmes exibidos em cinemas modestos espalhados pelo Brasil. Esses cinemas eram pejorativamente chamados de pulgueiros, mas benditas sejam as pulgas que proporcionavam aos mordidos por elas a oportunidade de desvendar o mundo.
Faleceu há dias o educador Wilson Lopes de Rezende. Ele se tornou amado em Cachoeiro de Itapemirim por sua dedicação ao Liceu Muniz Freire, estabelecimento público do qual foi diretor durante décadas. Minha família era proprietária de um colégio particular. Os velhos cachoeirenses hão de se lembrar das pugnas travadas entre os rivais Liceu x Escola, não apenas nas quadras de esporte, mas também na glória de ter ex-alunos vitoriosos em exames vestibulares, concursos etc. Bons tempos em que os sucessos do espírito eram mais importantes que os valores da conta bancária.
João Baptista Herkenhoff é magistrado aposentado (ES), professor e escritor.
E-mail: jbpherkenhoff@gmail.com
Site: www.palestrantededireito.com.br
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