Cultura e Entretenimento

Peça gratuita “O que terá acontecido a Dolly Piercing?” estreia no Teatro Marília

Espetáculo autobiográfico celebra trajetória da primeira drag queen cantora de BH no mês do Orgulho LGBTQIAPN+

Crédito: Luciana Gama - 

O Teatro Marília, em Belo Horizonte, recebe neste fim de semana o espetáculo “O que terá acontecido a Dolly Piercing?”, obra com dramaturgia de Juarez Guimarães Dias que marca o retorno aos palcos da atriz, cantora e pioneira drag queen da capital mineira. As apresentações ocorrem nos dias 28 e 29 de junho (sábado e domingo), sempre às 19h, com ingressos gratuitos disponíveis na plataforma Sympla ou na bilheteria do teatro, aberta duas horas antes do espetáculo. A classificação indicativa é de 18 anos.

Com duração de uma hora, a peça integra a programação especial de 60 anos do Teatro Marília e chega ao público no contexto do mês do Orgulho LGBTQIAPN+. O espetáculo também é resultado do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da atriz na graduação em Teatro da UFMG.

Autobiografia, exclusão e resistência

A narrativa é construída a partir da própria biografia de Dolly Piercing, em diálogo com os projetos e investigações do Neepec (Núcleo de Estudos em Estéticas do Performático e Experiência Comunicacional) da UFMG. O processo dramatúrgico envolveu escrita autobiográfica e autoficcional, com forte carga emocional e crítica social.

O texto traz à tona os motivos do afastamento de Dolly Piercing da cena artística belo-horizontina, após um período de reconhecimento e glória. Em tom confessional, a personagem decide romper o silêncio e convida o público a ouvir, sem filtros, o que a levou à reclusão e à dependência — numa denúncia direta à exclusão sistemática de pessoas trans e travestis do mercado formal de trabalho, inclusive no setor cultural.

Pesquisa e extensão universitária

A dramaturgia surgiu dentro do ambiente acadêmico, fruto das aulas e da convivência criativa entre Dolly e Juarez Guimarães, com base em pesquisas desenvolvidas no Neepec sobre escritas performativas de corpos LGBTQIAPN+. A peça questiona como a transfobia estrutural opera em instituições diversas, negando espaço, reconhecimento e dignidade a artistas dissidentes de gênero.

“Essa peça é, acima de tudo, um grito. Um resgate de identidade, de voz e de espaço para uma artista que abriu caminhos para tantas outras e foi, ao longo dos anos, empurrada para as margens”, resume Juarez Guimarães.

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