Juiz de Fora (MG) - Nos anos setenta, do século passado, havia uma literatura ensinando o lado fácil da vida. Coisas do tipo “vença na vida sem fazer força”, projetos miraculosos e piramidais, desculpem o trocadilho, para conseguir uma vida fácil. E fazia sucesso entre muitos, que procuravam um meio de driblar o destino e chegar no futuro antes de todos.
Possivelmente, muitos outros “ensinamentos” aconteceram em períodos anteriores. Fico imaginando se não seriam os filhos e netos daqueles que fizeram as mesmas coisas e passaram o seu legado aos descendentes. Acho que esse tipo de falcatrua sempre existiu. E existiram porque existem aqueles que estão sempre prontos a atender o canto da sereia, da vida fácil.
Outras coisas aparecem na forma de alguém vai abrir sua carteira mágica de ações somente para privilegiados ou vai contar o segredo dos banqueiros. É como esperar que o peixe chegue na beira d’água e capturá-lo sem dificuldades, ao contrário de tecer uma rede para pescá-lo. Não sei se isso faz parte da humanidade. A verdade é que é uma tentação achar o caminho das pedras. O impressionante não é tentar achá-lo, mas imaginar que alguém vai dar isso de mão beijada, sem nenhum retorno.
É certo que alguns parecem ter um pacto com o universo e ele conspira a favor. Outros, nem tanto. O universo é um peso que atrapalha os planos. Na verdade, tudo é uma questão de sorte ou azar. Você estar em lugar fazendo alguma coisa de interessante e, nesse exato instante, passa alguém e vê aquilo que encaixa, exatamente, no que estava procurando. Há muitos casos assim. E o sortudo vence na vida sem fazer força, sem esforço e corre para o abraço.
Casos de sucesso são muitos. De insucessos, a perder de vista.
A impressão é que este mundo é formado pelos espertos e aqueles que tentam passar por espertos e caem nas mãos e garras dos primeiros. Observar todo esse perfilar de pessoas é o mais fascinante no mundo. As gerações de perdedores e ganhadores acontecem porque tudo se renova. Aqueles que estão vacinados contra isso vão embora desta vida. E uma nova geração de espertos e outros nem tanto se renova.
As pirâmides do Egito estão lá para sempre. E as pirâmides que enganam sempre se renovam. Admito que há uma engenhosidade por trás de tudo isso. Aqueles que bolam essas coisas são os personagens da vida fácil. É claro que ela fica difícil, algumas vezes, e é necessário sair à francesa e largar a confusão para trás. Afinal, o mundo é grande demais para se preocupar com pequenos percalços na vida.
Sempre haverá gente à procura de vida fácil. E, por outro lado, haverá aqueles prontos a fornecer o caminho das pedras.
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