Coluna

MIGUEL PAIVA - MEMÓRIA DO TRAÇO

Rio de Janeiro  - Eu e o Miguel Paiva somos “vizinhos de página” no site Brasil 247. Mas conheço o cartunista há muito mais tempo. 

Conheci  Miguel (creio) no ‘Pasquim’, quando ele  chegou para, junto com Marta Alencar, Sérgio Augusto e Reinaldo ajudar a manter o jornal nas bancas, já que a maior parte da redação do hebdomadário tirava dois meses de férias compulsórias em um quartel da Vila Militar. 

O cartunista, escritor e ilustrador, Miguel Paiva, 74 anos, começou sua carreira ainda na década de 1960, quando publicava na revista ‘O Cruzeiro’, no ‘Correio da Manhã’, ‘Jornal do Brasil’ e no ‘Pasquim’. A estréia no ‘Pasca’ ocorreu seis meses após o lançamento do jornal, onde ele ficou até o fim, atuando como correspondente da Itália, até 1980.

Miguel Paiva trabalhou em quase todos os veículos entre Rio e São Paulo. Na Europa, teve trabalhos publicados nas principais revistas de quadrinhos e arte. Multimídia, Paiva além de cartunista, é artista gráfico, diretor de arte, quadrinista, roteirista, escritor de documentários (entre eles, “Callado”, sobre o escritor Antônio Callado, e “Tente Entender o Que Tento Dizer”, ambos de Emilia Silveira), de musicais, compositor e criador de aberturas de novela. 

Reprodução - 

O cartunista foi responsável por criar vários personagens que estiveram presentes em inúmeras publicações e chegaram até mesmo a transcender os impressos e ganhar vida em outros veículos. Pularam das páginas dos jornais para a TV e o teatro, a Radical Chic, o Gatão de Meia-Idade e Ed Mort.

Quer conhecer um pouco mais sobre a vida e a obra de um dos mais profícuos cartunistas brasileiro? Leia “Memória do Traço” (Editora Chiado Books - 336 págs.)  

A obra, fartamente ilustrada, foi escrita por seu filho, Vitor Paiva, que realizou dezenas de entrevistas com o pai, entre 2017 e 2018, e transformou as conversas em texto. “Memória” resgata toda a carreira de Miguel Paiva e ressalta os trabalhos elaborados pelo artista ao longo de mais de cinco décadas de trabalho.  Diego, outro filho de Miguel, foi o autor da capa.

“A ideia inicial, há uns 10 anos, era fazer uma exposição de todo meu trabalho. Mas ficou inviável, precisava de patrocínio. Acabou virando um livro”, conta o artista. 

O livro - uma biografia profissional vastamente ilustrada - documenta não só os trabalhos de Miguel Paiva ao longo de sua carreira, mas também seus encontros, vivências e histórias saborosas ao lado de nomes como Ziraldo, Jaguar, Ivan Lessa, Sérgio Augusto, Zé Rodrix, Paulo Leminski, Paulo Freire, Rosiska Darcy de Oliveira, Umberto Eco, Carlos Lacerda, Os Mutantes, Quino, Altan, Rubem Braga e muitos outros.

Na obra, Miguel relembra histórias da criação de personagens, como o Gatão de Meia-Idade, que virou filme com Alexandre Borges, em 2006; do detetive Ed Mort, inspirado nos contos de Luis Fernando Veríssimo, que também ganhou filme e especial da Globo; e  da Radical Chic, talvez sua personagem mais emblemática, criada em 1982 para a revista ‘Domingo’, do ‘Jornal do Brasil’, que virou programa na ‘TV Globo’, em 1993, com Andréa Beltrão no papel da “Radical Chic”.

O resto, está em “Memória do Traço”.

Ediel Ribeiro (RJ)

698 Posts

Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

Comentários