Coluna

MUDOU O FLAMENGO OU MUDOU O TITE?

Divulgação - 

Rio de Janeiro - Flamengo 2, Corinthians 0. Jogão!

Mudou o Flamengo?

Não.

Mudou o Tite.

Não coloquem a mudança de atitude (para melhor) do time do Flamengo na conta do “bando de arruaceiros” que foram para porta do Ninho do Urubu pressionar os jogadores. 

Nem na boa vontade do Tite.

O Flamengo mudou porque Tite, pressionado e ameaçado de demissão, mudou. Abandonou - ao menos nesta partida - suas antigas e ultrapassadas convicções. As mesmas convicções que o fizeram perder duas Copas do Mundo, eliminado, de forma medíocre, nas quartas de finais das competições.

De fato, há a impressão de que a responsabilidade maior pelos resultados ruins que o Flamengo vem tendo é de Tite. Intransigente em relação ao modelo de jogo, um 4-3-3 que prioriza as jogadas pelas pontas, o treinador não tem conseguido fazer a equipe jogar. 

Tite, teimoso, insistia no jogo posicional e em copiar o 4-3-3 do Pep Guardiola, como seu desenho de jogo mais recorrente. Insistia com Pedro, Cebolinha e Luís Araújo no ataque. Insistia com  Bruno Henrique colado na ponta esquerda. Insistia com Gerson na ponta direita. Insistia com De La Cruz de meia, no lugar do Arrascaeta. Insistia com Loran, o 10 da base, na ponta direita. Insistia com as ligações diretas dos zagueiros para o ataque, jogada que se mostrou mais inútil que bolso de pijama.

Nada disso dava certo. O Flamengo jogava cada dia pior, mas o professor Adenor, não admitia qualquer mudança no esquema que o levou a conquistar alguns títulos no próprio Corinthians. Os tempos mudaram, o futebol mudou e, principalmente, o Flamengo não é o Corinthians. Para a torcida do time paulista, assim como para o Tite, 1 a 0 é goleada. A torcida do Flamengo não gosta só do resultado, gosta do jogo. Do jogo ofensivo, bem jogado.

Foi só o Tite, por livre e espontânea pressão, escalar o time no 4-4-2 - esquema mais parecido com o 4-2-3-1 de Jorge Jesus - que os jogadores estão mais adaptados e o Flamengo mudou da água para o vinho. Foi só ele jogar pressionando a saída de bola; com Gerson no meio; com De la Cruz "o motor da equipe" como segundo volante; com Loran no lugar do Arrascaeta - como ele brilhava na base; com apenas dois atacantes e sem os ridículos chutões dos zagueiros, para o futebol do Flamengo aparecer.

Agora, vamos torcer para o “seu” Adenor não ter uma recaída e, contra o Bolívar, nesta quarta-feira, no Maracanã, não voltar ao inútil 4-3-3 que, até antes do jogo contra o Corinthians vinha levando o Flamengo para o fundo do poço.

Ediel Ribeiro (RJ)

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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