Já escrevi aqui neste espaço que não sou muito fã das séries de TV. E não sou.
Mas, ‘Inventando Anna’, a nova série da Netflix, estrelada pela linda e talentosa Julia Garner, que estreia hoje, chamou minha atenção. Vou assistir.
Anna Delvey é uma garota russa que mente dizendo que é uma herdeira alemã na esperança de ganhar o mundo da arte e da moda da alta sociedade de Nova York.
E, claro, algum dinheiro.
Entre calotes em amigos e em empresas - entre eles o empréstimo de US$ 40 milhões que ela pediu a um banco para pôr em pé uma instituição de fomento à arte -, Anna, a garota de 20 e poucos anos que se apresentava como herdeira de uma fortuna alemã viveu, por anos, a rotina da classe AAA: voou em jatinhos, frequentou festas e eventos luxuosos, morou em hotéis de luxo e conviveu com gente da alta sociedade americana.
Ela nunca pagou nenhuma dessas despesas.
A série é baseada em uma história real. Nascida Anna Sorokin, na Rússia, em 1991, a garota se muda para os EUA em 2013, onde assume o sobrenome Delvey, ganha um sotaque intrigante, ambição irrefreável e um bocado de talento para estar nos lugares certos com as pessoas certas.
A fraude durou até 2017 e culminou em condenação da jovem por apropriação indébita, em 2019, a quatro anos de prisão. A impostora foi solta sob fiança, e logo detida porque o visto de permanência nos EUA expirou.
A história de Anna já foi contada pela repórter Jessica Pressler, no artigo da New York Magazine "How Anna Delvey Tricked New York’s Party People". O artigo que mergulha no mundo dos golpistas milionários nova-iorquinos foi tema, em 2019, do filme "As Golpistas", estrelado por Jennifer Lopez.
Pelo direito de contar nas telas a história escrita por Jessica Pressler, a Netflix pagou a Anna Sorokin US $320 mil.
Anna é interpretada pela talentosa Julia Garner, ganhadora de dois Emmys de coadjuvante pelo papel de Ruth em "Ozark". Ruth, aliás, não é tão diferente de Anna: uma trambiqueira com inteligência excepcional.
É ao redor da garota trambiqueira que a série gravita. O sotaque construído de maneira impecável e o misto de soberba e frustração com que ela compõe a personagem foram estudados com a própria Sorokin, quando a jovem estava na prisão.
O que a série mostra é a vaidade de uma certa classe artística e social —mesmo as muito ricas— de ganhar montanhas de dinheiro com a tecnologia, a cultura ou o mercado de arte, ainda que de forma não tão correta.
Se os autores tivessem optado por uma trilha sonora mais jazzística, a série teria muito a ganhar, embora a opção mais baladeira não tenha conseguido arruinar a história.
Os primeiros nove episódios da minissérie americana 'Inventando Anna', criada e dirigida por Shonda Rhimes - responsável por ‘Grey´s Anatomy' e 'Bridgerton' - chegam à Netflix nesta sexta- feira.
Já reservei a pipoca.
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