Querer e buscar a qualquer custo a unanimidade talvez não seja o melhor caminho para se resolver qualquer situação. O contraditório é sempre salutar, pois provoca inquietações, permite o desenvolvimento dos argumentos que se opõem, propicia crescimento intelectual, possibilita o surgimento de novas ideias, de novas possibilidades.
A unanimidade, mesmo demonstrando ser algo positivo, pois teoricamente evitaria conflitos, pode esconder outras situações não tão positivais assim, como já descritas no parágrafo anterior.
O oposto da unanimidade seria a divisão. Grupos com pensamentos e ações distintas que convivem em uma mesma realidade e se opõem frequentemente e em muitos casos freneticamente. São muitos os casos e exemplos que podemos citar mundo afora desta situação, desde os xiitas e sunitas no Oriente Médio, os democratas e republicanos nos Estados Unidos, e aqui na nossa terra os ditos “conservadores” e “progressistas”. Todos estes grupos apresentam algo em comum, são rivais ferrenhos.
A divisão, mesmo com ares de negatividade, pois teoricamente provoca conflitos, pode também esconder situações positivas, as mesmas já mencionadas no primeiro parágrafo.
Então onde está o X da questão? Conquistar a unanimidade ou estimular a divisão? Seria conveniente chegarmos a um denominador comum ou as ideologias dos grupos devem sempre prevalecer?
Vivemos hoje uma nação polarizada, uma democracia capenga, e pode até parecer estranho o que vou escrever, mas até mesmo em meio à divisão existem situações que deveriam ser unânimes.
Na opinião deste escriba a divisão deveria ser a forma de se chegar ao objetivo, pois realmente os caminhos podem ser diversos para realizamos os nossos objetivos. Agora, os objetivos deveriam ser unânimes: justiça social, saúde de qualidade, educação, moradia, qualidade de vida e tantas outras coisas deveriam ser o fim pelo qual existem todos os grupos que insistem em liderar uma nação.
Mas pelo visto não é isto que estamos vendo no Brasil. Nossa nação está dividida em grupos até mesmo naquelas situações que deveriam ser unânimes. Os grupos esbravejam entre si, vivem num mar de mentiras e/ou “falas verdades”, criam ilusões populares, discursos maravilhosos e em outros acalorados, que se contradizem da prática e induzem o “nós contra eles”; os “pobres contra os ricos”; os “conservadores” contra os “progressistas”; gerando uma nação fragmentada de princípios e valores políticos e sociais.
E nós, o povo, brigamos por quem? Defendemos qual bandeira? Dos grupos? Ou daquilo que deveria ser unânime em todos eles? Seja qual grupo for, se ele não está de fato do lado da nação, de todos que dela fazem parte, ele não passa de um engodo travestido de uma grande ilusão.
Nossa maior bandeira deveria ser a união em torno dos princípios que edificam uma nação. Defender cegamente pessoas ou grupos é contribuir para a manutenção do caos social pelo qual o Brasil está vivendo.
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