Se tem um órgão do Governo Federal que trabalha - e muito - é o Departamento de Recuos e Desmentidos (DRD).
Ligado à Secretaria de Comunicação Institucional, antiga Secretaria de Comunicação - SECOM - o DRD funciona numa salinha nos fundos do Palácio do Planalto, ao lado do gabinete do ódio, sob o comando do secretário especial Flávio Augusto Viana Rocha
Todo mundo sabe que uma das funções mais importantes no governo, hoje em dia, é a de recuar e desmentir as histórias do capitão e de sua prole.
Se o presidente ficar adulterando fatos, desmentindo e fraudando todo tipo de informação, daqui a pouco ninguém mais vai acreditar nas suas declarações.
O capitão estava se olhando no espelho quando o secretário especial de comunicação entrou no seu gabinete:
- Vou com o terno preto, o azul ou o amarelo? - perguntou o presidente.
- Ir para onde, presidente? - quis saber o secretário.
- Como pra onde?! Para o desfile de 7 de Setembro, amanhã, na Av. Paulista.
- Ãh…
- O que você acha desse amarelo? - perguntou o presidente, aproximando do peito o terno, em frente ao espelho.
- O senhor vai ficar par-de-jarro com o Véio da Havan. Eu usaria o pretinho básico - opinou o secretário.
- Acho que você está certo, nessa ‘cuestão’ daí.
- Presidente, eu trouxe as última pesquisa de popularidade que o senhor pediu - disse o secretário, entregando os jornais ao presidente.
- Leia as manchetes pra mim - pediu o capitão, ajeitando a gravata do terno.
- “Popularidade do presidente não para de derreter”; “Nível de popularidade do presidente é o mais baixo desde o início do governo”; “Popularidade de Bolsonaro cai entre os evangélicos”; “Rejeição a Bolsonaro e ao governo é recorde”; “Reprovação a Bolsonaro sobe mais uma vez”...
Bolsonaro, num gesto violento, arrancou os jornais das mãos do secretário:
- Você só trouxe os jornais da esquerda!!
- Não, presidente, aí estão os principais jornais do país.
- Por quê minha popularidade tem caído tanto? - quis saber o presidente. - Eu estou jogando dentro das quatro linhas, taokey?
- O povo está insatisfeito com o preço da energia elétrica…
- Na semana passada, eu pedi para os brasileiros desligarem um ponto de luz e passarem a tomar banho mais rápido. E frio. Se o povo ficar gastando energia como está gastando, isso será um convite a novos aumentos.
- Mas, presidente, foi o senhor quem acabou com o horário de verão. Estimativas apontam que ao adiantar o relógio em uma hora, o consumidor poupava cerca de R$ 500 milhões.
- Aposto que é a Globo que está botando isso daí na cabeça do povo.
- Para piorar a situação, o povo tá reclamando do preço da carne, do arroz, do feijão e do gás de cozinha - continuou o secretário.
- Essa ‘cuestão’ daí é uma política nova lá do Paulo Guedes, taokey? Outro dia ele me disse: “Presidente, vamos aumentar o preço da cesta básica que aí o povo, sem comida, não precisará comprar o gás de cozinha que está caro”. - Genial, não é?
- Ôôô!!
- É um milagre como o Guedes ainda não ganhou o Nobel de Economia.
- E o preço da gasolina? Com o PT o litro da gasolina era 3 reais. Já chegou a 7 reais no seu governo, e não para de subir.
- A classe média, hoje em dia, também tem que fazer alguns sacrifícios. Tem que andar a pé, de bicicleta, de ônibus.
O secretário pensou alguns instantes e disse:
- Presidente, se as coisas continuarem como estão, o povo pode jogar ovo no senhor, amanhã, durante o desfile.
- Viu? As coisas não estão tão ruins como dizem os jornais. O povo ainda tem os ovos.
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