Cidades

Prefeito de Itabira Marco Antônio Lage sofre sua primeira derrota na Câmara

Pedido de empréstimo de R$70 milhões recebeu 10 votos contrários

O prefeito Marco Antonio Lage sofreu na terça-feira (8) a sua primeira derrota política na Câmara. O prefeito pretendia contrair um empréstimo de R$ 70.150.000 junto à Caixa, através do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa). Conforme argumentou o governo para conseguir a aprovação do empréstimo, os recursos seriam para implementação de várias obras, dentre elas o asfaltamento entre Carmo e Ipoema.

Os vereadores, na maioria, entenderam que o empréstimo era desnecessário e inoportuno. Segundo o vereador Neidson Dias Freitas (MDB) o empréstimo, não se faz necessário uma vez que a alta do preço do minério influencia diretamente na arrecadação do município, que este ano pode chegar a quase R$ 800 milhões. Além disso, segundo o emedebista até o mês de março Itabira tinha em caixa, livre, R$ 204 milhões.

“O empréstimo precisa ser melhor debatido. O projeto chegou à Câmara em caráter de atropelo. Lido na terça-feira (1º), discutido na reunião de comissão na quarta (2) e já entrou em votação (8). Este é um assunto que tem que ser discutido com a população itabirana. Está batendo em nossa porta a exaustão do minério. Ou seja, uma grande receita que o município deixará de ter e este empréstimo ultrapassa esses limites. Então, deve-se ser feito uma análise melhor do planejamento”, ponderou o vereador.

CÂMARA DE iTABIRA
Foto: Filipe Augusto / CMI - 

Para Neidson Freitas, as obras a serem realizadas com o recurso do empréstimo deveriam ser debatidas em conjunto com a Câmara e com a sociedade, por meio de uma audiência pública, e mecanismos “mais democráticos” para justificar o “endividamento”.

“Eu acredito que em um momento oportuno, com discussão correta, respeitando o entendimento democrático da Câmara, é possível que no futuro o projeto volte à Casa e tenha outros entendimentos. Mas na realidade de hoje, o município de Itabira tem condições de executar todas estas obras previstas sem a necessidade do empréstimo”, pontuou Neidson Freitas.

A derrota do prefeito na Câmara deixa claro a falta de capacidade de articulação política do governo. Marco Antonio montou um secretariado que, segundo os vereadores, não dialoga com a Câmara e há muitas reclamações entre eles de que o secretariado trata os vereadores com descaso. 

Votaram a favor do empréstimo: Bernardo de Souza Rosa (Avante), Carlos Henrique da Silva “Sacolão” (PSDB), Carlos Henrique de Oliveira (PDT), José Júlio Rodrigues “Combem” (PP), Júber Madeira Gomes (PSDB), Marcelino Freitas Guedes (PSB). O presidente da Câmara, Weverton Leandro Santos Andrade “Vetão” (PSB), se absteve de votar. Os demais vereadores votaram contra.

Depois da derrota do governo na Câmara, um post passou a circular nas redes sociais com foto e telefone dos vereadores que votaram contrário ao empréstimo, causando grande irritação, o que foi entendido por muitos como retaliação. Tudo indica que o relacionamento entre Executivo e Legislativo tende a piorar. 

O líder do governo na Câmara, vereador Júber Madeira, explicou que muitos dos recursos citados pelo colega são com rubricas já destinadas, carimbadas para investimentos em saúde, educação e não em investimentos em saneamento básico e infraestrutura. Segundo o peessedebista, o município tem receita líquida inferior a R$ 20 milhões.

“Por isso, se fazia necessário este aporte financeiro para que nos próximos quatro anos o prefeito pudesse fazer os devidos investimentos e colocando em prática diversos projetos e obras importantes que são exatamente os anseios da população de Itabira. Lamentavelmente a Câmara perdeu esta grande oportunidade de contribuir com esse processo tão importante apresentado ao Legislativo pelo nosso prefeito [Marco Antônio Lage - PSB]”, destacou Júber Madeira.

O financiamento seria pago em 120 meses, com carência de 24 meses, com juros de 3,6%, somado ao certificado de depósito interbancário (CDI) e mais 2% ao ano de taxa de contratação da operação junto à Caixa Federal. O custo total do financiamento, somado aos juros e taxas seria de R$ 92.072.036,23.

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