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SIMPLESMENTE, HILDA

Hilda Hilst
Divulgação. 

Li os primeiros poemas de Hilda Hilst achando que lia a obra de uma poeta americana.

Era uma poesia vigorosa, forte, polêmica, provocadora e fortemente influenciada por James Joyce e Samuel Beckett.

Só quando li ‘Bufólicas’, seu livro de poemas eróticos infantis - escrito aos 60 anos - e ilustrado pelo Jaguar, é que conheci a vida e obra da poeta, cronista, cartunista e ficcionista paulista.

Hilda de Almeida Prado Hilst, a Hilda Hilst, nasceu em Jaú, no interior de São Paulo, em 21 de abril de 1930. Hilst era filha única do jornalista, poeta e ensaísta Apolônio de Almeida Prado Hilst. Foi apaixonada e influenciada pelo pai e, para agradá-lo, Hilst se tornou poeta, como o pai.

Em 1932, seus pais se separaram. A mãe mudou-se de Jaú para Santos, com Hilda e Ruy, filho do seu primeiro casamento. Em 1935, o pai de Hilda foi diagnosticado com esquizofrenia paranoide.

Considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX, seu trabalho aborda temas tidos como socialmente controversos, como misticismo, insanidade, erotismo e libertação sexual feminina.

Em 1948, entrou para a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, onde conheceu aquela que seria sua grande amiga ao longo da vida, a escritora Lygia Fagundes Telles.

Seu primeiro livro ‘Presságio’, publicado em 1950, foi recebido com grande entusiasmo pela poeta e escritora Cecília Meireles.

Considerada hermética e pouco lida, Hilst não se conformava em não ser reconhecida pelo grande público. Depois de ler ‘Carta a El Greco’, do escritor grego Nikos Kazantzakis, Hilst decide se afastar dos amigos e da vida agitada de São Paulo e, em 1964, muda-se para a fazenda de sua mãe, próximo a Campinas.

Em 1964, Hilda casou-se com o escultor Dante Casarini (de quem se separou em 1980), com quem projeta e constrói a Casa do Sol. Em 1966, muda-se definitivamente para a Casa do Sol. Lá, ela viveu o resto de sua vida e nela hospedou diversos escritores e artistas que, na época, fugiam da Ditadura Militar.

Hilda Hilst escreveu por quase cinquenta anos, tendo sido agraciada com os mais importantes prêmios literários do Brasil. Eclética, entre os anos 50 e 60, Hilda se dedicou à poesia. No final dos anos 60, escreveu peças para o teatro. Nos anos 70 começa a escrever sua prosa e nos anos 90, inicia sua literatura erótica. Alguns de seus textos foram traduzidos para o francês, inglês, italiano e alemão.

Em 2001, a Editora Globo adquiriu os direitos de sua obra e, em dezembro daquele mesmo ano, passou a reeditar a obra completa da escritora.

Após seu falecimento, o amigo e poeta Mora Fuentes liderou a criação do Instituto Hilda Hilst. O IHH, que funciona na Casa do Sol, tem como primeira missão a manutenção do espaço cultural, de seu acervo e o espírito de ser um porto seguro para a criação intelectual.

A escritora Hilda Hilst morreu na madrugada do dia 04 de fevereiro de 2004, aos 73 anos.

Hilda não está mais entre nós. Está dentro de nós.

Ediel Ribeiro (RJ)

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Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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