Rio - Nos anos 70 e 80, ninguém passava ‘impune’ pelos setores de arte dos jornais ‘O Dia’ e ‘Jornal do Brasil’.
Ou o cara era um craque, ou virava.
O ‘Jornal do Brasil’ e ‘O Dia’ eram ocupados pelo 'crème de la crème' do jornalismo gráfico. Era o sonho de todos nós - cartunistas da época - trabalhar com os ídolos do Caderno B, do JB e do Caderno D, de O Dia, suplementos de cultura dos jornais.
Pelo imenso salão de cerca de 300 metros de comprimento, na redação do JB, na Avenida Brasil, 500; ou pelo cercadinho, na redação de ‘O Dia’, no 5º andar da Rua do Riachuelo, passaram nomes como Chico Caruso, Lan, Ziraldo, Ique, Ary Moraes, Gil, Janey, André Barroso, Hippert, Jaguar, Mauricio de Souza, Luscar, Nani, Liberati, Claudius, Ykenga, Mattias e André Provedel entre outros.
O cartunista Gil, um dos mais talentosos, passou pelas duas redações.
Cartunista e ilustrador, Gil é tão talentoso quanto tímido. Quando comecei a escrever sobre ele, pedi que ele me contasse uma história engraçada, vivida por ele: “Tenho uma história engraçada com o Nássara. Depois te conto.” - disse.
Cobrei a história várias vezes. Ele, por humildade e timidez, nunca contou.
Mas sei outras histórias dele.
Gilberto José Ferreira, o Gil, começou a desenhar aos cinco anos de idade na cidade de Maricá (RJ). O artista desenvolveu os primeiros traços observando os cadernos de desenho de uma prima que tinha aulas de arte na grade curricular de sua escola.
Tímido, passava horas envolvido com papel, lápis e canetas coloridas, criando histórias e colorindo personagens.
Aos 18 anos, já trabalhava como cartunista na revista ‘Fatos’, da antiga Rede Manchete de Comunicação.
Trabalhou também como chargista, caricaturista e ilustrador nos jornais ‘O Dia’; ‘Jornal do Brasil’; ‘O Globo’; ‘O Fluminense’; e nas revistas ‘Interview’; ‘Seleções’, da Reader's Digest; ‘Ciência Hoje’, ‘Fatos’, da Bloch Editores; ‘Internet.br’ e na revista ‘Domingo’, do Jornal do Brasil.
Atualmente, trabalha para a Revista Ciência Hoje para Crianças, uma publicação do antigo CNPQ (Centro Nacional de Pesquisa para o Progresso Científico).
Gil é também animador e ilustrador de livros infantis, e foi o primeiro ilustrador brasileiro a ter um trabalho selecionado pela ‘Society of Illustrators of New York’, a mais importante associação de ilustradores do mundo.
Gil dirigiu uma oficina de confecção de livros para crianças das redes pública e particular de Maricá, como parte da programação da Festa Literária de Maricá - FLIM, na Praça Orlando de Barros Pimentel, no centro.
“Atuo no mercado há mais de 20 anos. Me dedico a desenvolver uma abordagem satírica, que enfatiza a cor e texturas usadas na caricatura, ilustração e esculturas, para serem saboreadas.” - diz o artista.
O cartunista também teve vários trabalhos selecionados para o Salão Internacional de Humor de Piracicaba (SP), e faturou um prêmio na 16º edição, em 1989, com uma caricatura do ator Tião Macalé.
Comentários