Rio de Janeiro - Se tem um órgão do Governo Federal que trabalha - e muito - é o Departamento de Recuos e Desmentidos (DRD).
Ligado à Secretaria de Comunicação - SECOM - o DRD funciona numa salinha nos fundos do Palácio do Planalto, sob o comando do secretário especial Fabio Wajngarten.
Todo mundo sabe que uma das funções mais importantes no governo, hoje em dia, é a de recuar e desmentir as histórias do capitão e de sua prole.
Se o presidente ficar adulterando fatos, desmentindo e fraudando todo tipo de informação, daqui a pouco ninguém mais vai acreditar nas suas declarações.
Não é segredo para ninguém que o presidente tem feito tudo o que pode para dar boas notícias a nação; mas as notícias das últimas semanas não são exatamente boas:
“Sara Winter, a líder do grupo de extrema-direita “300 do Brasil” e pupila de Bolsonaro, é presa.”
“Foi determinada a quebra do sigilo fiscal de 10 deputados e um senador que integram a base bolsonarista no Congresso. Dentre eles, alguns dos mais fiéis defensores do presidente, como Carla Zambelli (PSL-SP), Bia Kicis (PSL-DF) e Daniel Silveira (PSL-RJ).”
“O STF decidiu por 10 votos a 1 dar continuidade ao inquérito das fake news, aberto para investigar a disseminação de informações falsas e ameaças a ministros.”
“Abraham Weintraub foi mantido na mira do inquérito e o “gabinete do ódio”, supostamente coordenado pelo Zero Dois, foi citado como propagador de insultos, estímulo à intolerância e contra as instituições democráticas.”
“Prisão do parceiro miliciano Fabrício Queiroz e a demissão compulsória de Weintraub do Ministério da Educação.”
Bolsonaro tem evitado aparecer em público, ultimamente. Isto tem suscitado várias versões para o sumiço do presidente.
Uns, dizem que ele está se escondendo do ex-advogado Frederick Wassef (Eu não conheço esse rapaz, talkey?). Outros, afirmam que ele foi contaminado pelo Coronavírus e tem até (maldosos) os que comentam que ele está escondido no sítio de Atibaia.
Mas, segundo a imprensa, uma das razões de o presidente Jair Bolsonaro não ter aparecido, ultimamente, para falar com os seus apoiadores, no “cercadinho” do Palácio do Planalto, é que ele só gosta de dar boas notícias.
Se o PIB sobe, o número de mortos pelo Coronavírus diminui ou o ex-presidente Lula tem revogada sua prisão domiciliar, o presidente é o primeiro a divulgar. Mas quando as coisas vão mal, o presidente acha que o povo brasileiro não deve saber.
E, ultimamente, o que menos o governo tem são boas notícias para dar a população.
O Secretário especial da Secretaria de Comunicação (SECOM), Fabio Wajngarten tem sido muito pressionado pelo presidente para “encontrar” notícias boas para o povo brasileiro. O que, naturalmente, não tem sido nada fácil.
Na manhã desta sexta-feira, Bolsonaro chamou o secretário especial em seu gabinete e foi logo perguntando:
- Fabinho, quais são as boas notícias de hoje, no tocante ao meu governo?
- Bem, o ex-ministro Abraham Wajntraub conseguiu entrar nos EUA; a praga de gafanhotos não vai mais passar pelo país; o seu filho Flávio Bolsonaro conseguiu mais uma vez adiar sua apresentação à justiça; foram R$ 40 milhões, e não R$ 41 milhões que seu governo investiu na empresa da ex-esposa do seu ex-advogado; Sara Winter foi solta; Queiroz finalmente, resolveu comer a comida da prisão; a mulher do Queiroz continua foragida; e o seu ex-advogado Frederick Wassef, contínua de bico calado.
- São só essas as boas notícias?
- Foi um dia fraco para as boas notícias. Na certa, terei outras para o senhor amanhã.
Ninguém pode negar, no entanto, que a Secretaria de Comunicação tem trabalhado duro para “achar” boas notícias para o presidente.
Antes de sair, o secretário virou-se para o presidente e informou:
- Ah! Antes que eu esqueça, o senhor aparecerá na TV amanhã.
- O que eu vou anunciar?
- A inauguração do “cercadinho VIP”; o dólar “só” à cinco reais; e o corte do auxílio emergencial de 600 para 300 reais.
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