RIO - Sonhei que estava sentado num bar bebendo com Freud, Oscar Wilde e Charles Bukowski.
O bar é sujo, mais do que um pouco decadente.
Por entre as mesas vazias quase se pode sentir o cheiro da cerveja e dos cigarros amassados no chão.
Freud fala da mãe de Charles.
Wilde, de poesia e Bukowski de putaria.
Eu ouço, compenetrado, os três.
Freud vê na mente obscena de Bukowski, um complexo de Édipo mal resolvido.
Oscar Wilde confronta Freud com a perfeição impossível, as convenções estabelecidas pela psicologia e a mortalidade inevitável.
Bukowsky manda os dois se fuderem.
Eu bebo.
Wilde rebate Bukowski: "O senhor dispõe só de alguns anos para viver deveras, perfeitamente, plenamente. Quando a mocidade passar, a sua beleza ir-se-á com ela, deveria aproveitá-la melhor".
Sempre haverá o whisky e as mulheres, seu viado, diz Bukowski.
Freud bate no ombro de Wilde, resignado, e os dois entornam a bebida goela à baixo.
Bukowski enche meu copo e continuamos bebendo, calados.
Fica um silêncio pesado no ar.
O ceticismo, a indulgência e o desprezo pela vida venceu a poesia e a psicologia.
Comentários