O prefeito de Itabira, Damon Lázaro de Sena (PV), disse em uma entrevista de rádio que os seus aliados trazem mais problemas para o governo do que os adversários. Ele está completando três anos de governo sem cumprir nenhuma das promessas feitas em campanha.
Para a saúde Damon prometeu criar duas UPA's e colocá-las para funcionar 24hrs por dia para desafogar o pronto-socorro e por fim às filas de espera para consulta. Ao contrário do que prometeu, o que se vê hoje são obras iniciadas e abandonadas, um pronto-socorro lotado e cidadãos esperando meses por uma consulta, além da falta de remédios e médicos nos PSF's. Há poucos dias uma ordem da secretaria de saúde suspendeu por tempo indeterminado todas as cirurgias de catarata, deixando os pacientes que aguardavam pelo procedimento desesperados.
As promessas de saneamento básico e urbanização de ruas também não estão sendo cumpridas e desde o início do mandato Damon vem criticando o ex-prefeito João Izael e o responsabilizando por tudo de errado que acontece na administração. Ele alega que está tendo dificuldades para administrar a cidade porque o seu antecessor deixou a prefeitura desestruturada.
Damon agora responsabiliza também seus aliados pelo fracasso do seu governo e elogia os adversários da campanha. Segundo o prefeito, depois que tomou posse vários de seus opositores quiseram se aproximar porque viram que era possível um alinhamento e responsabilizou os aliados pelo descumprimento das promessas de campanha. Damon lembrou que durante a campanha fez um discurso com propostas para a coletividade e para a maioria, mas para manter a força política teve que abrir mão desses princípios e ocupar os espaços com seus aliados políticos que às vezes trazem mais complicação do que solução.
Nesta entrevista Damon acabou por concordar com o que disseram seus adversários sobre o seu grupo nas três vezes em que disputou a prefeitura. Durante as campanhas políticas os adversários de Damon alertavam o cidadão itabirano para o perigo de uma vitória de Damon nas urnas. Eles diziam que se Damon vencesse, Itabira poderia mergulhar em uma crise sem precedentes já que Damon não tinha experiência administrativa e seu grupo era também muito fraco. As principais críticas pesavam contra o presidente de seu partido (PV), Jadir Eustáquio do Espírito Santo “Jadirao”, que além de não ter nenhuma experiência político-administrativa, é tido como arrogante. Ainda assim é o único que Damon mantém até hoje ao seu lado com toda autoridade para tomar decisões dentro do governo.
Damon revelou também durante a entrevista que perdeu muitos companheiros e amigos porque queriam dele coisas ilegais que não podia atender e terminou por acusá-los de querer praticar corrupção em seu governo, mas sem citar nomes. "É lógico, nós precisamos dos parceiros, precisamos dos amigos, temos que contar com eles, mas infelizmente o fogo amigo ele traz mais sofrimento do que o próprio adversário. E muitas vezes o adversário de ontem será o aliado de amanhã porque o adversário acaba aproximando de você durante o governo por entender que é possível esse alinhamento e você perde muitos parceiros, muitos amigos porque eles queriam coisas que a gente não pode atender porque estão dentro da ilegalidade”, disse o prefeito.
A fala de Damon coloca sob suspeita todos seus amigos que o apoiaram e não fazem parte do governo, e que a partir dessa entrevista passaram a ser vistos como corruptos. Todo o itabirano sabe quem são os amigos que ele acusa nas entrelinhas, que defendiam o seu nome dia e noite pelos quatro cantos da cidade e que andaram com ele desde sua primeira disputa, mas depois dele eleito se afastaram.
Damon iniciou seu governo contratando empresas sem licitação e atropelando seus aliados que discordavam de tais práticas e agora tenta responsabilizar exatamente aqueles que o apoiaram, acreditando nas promessas de um governo sério, e se afastaram ao ver os rumos que a administração estava tomando.
Hoje o município está endividado e sem capacidade para arcar com seus compromissos.
Veja abaixo a transcrição de um trecho da entrevista concedida pelo prefeito e ouça também o áudio:
“Na realidade a gente faz um discurso para a cidade, para o coletivo e para a maioria e a gente pretende trabalhar com as pessoas que possam realmente somar e desenvolver um bom trabalho frente a prefeitura. Os espaços existem mas o desejo de todo político é ter liberdade plena para ocupar os espaços, mas pra você manter uma força política você tem que às vezes abrir mão desse princípio e ocupar os espaços com seus aliados políticos que às vezes te trazem mais complicação do que solução. É uma prática comum nesse país, você vê a nível de governo federal, como que fica os partidos: 'Ah não, eu tenho que ter tantos ministérios, eu tenho que ter tanto isso eu tenho que ter tanto aquilo'. (...) Eu estive em Portugal com o grupo dos Meninos de Minas em um evento cultural e tive contato com a pessoa que seria o prefeito de lá, porque lá é parlamentarismo (...) e ele me disse o seguinte, que ele ganhou a eleição com um grupo, mas que ele trocou duas pessoas no governo. Então o que que nós temos que deixar para essa cidade, o legado que nós temos que deixar? É uma gestão profissional, os funcionários públicos capacitados, com condições de trabalho e com condições de tocar aquela máquina e que possa na troca de prefeito o trabalho fluir de forma adequada. É lógico, nós precisamos dos parceiros, precisamos dos amigos, temos que contar com eles, mas infelizmente o fogo amigo ele traz mais sofrimento do que o próprio adversário. E muitas vezes o adversário de ontem será o aliado de amanhã porque o adversário acaba aproximando de você durante o governo por entender que é possível esse alinhamento e você perde muitos parceiros, muitos amigos porque eles queriam coisas que a gente não pode atender porque estão dentro da ilegalidade”.
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